Um levantamento recente realizado em 26 países, dentre eles o Brasil, revelou que a grande maioria dos entrevistados abriria mão de qualquer outro sentido, como tato, audição, olfato e paladar, para ter de volta a oportunidade de enxergar. E é exatamente por esse motivo que o Centro Oftalmológico da Agência de Cooperção Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) soma importantes resultados que encantam os olhos, literalmente, tanto de quem precisa de uma consulta, exame, cirurgia ou atendimento de urgência, quanto de gestores, profissionais de saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o Centro Oftalmológico conta com 16 oftalmologistas atendendo diariamente. Além de consultas, exames e cirurgias – como catarata, pterígio e trabeculectomia -, a Acispes oferece plantão 24 horas em Oftalmologia. O serviço funciona no esquema de sobreaviso: no período de 19h às 7h, durante a semana, as unidades de saúde têm em mãos os contatos dos oftalmologistas de prontidão para qualquer eventualidade. E, de 7h às 19h, o consórcio dispõe de toda a estrutura presencial para realizar os atendimentos de urgência.
Além de atender a pacientes de Juiz de Fora, o Centro Oftalmológico presta serviço para os municípios consorciados a Acispes. “A Oftalmologia é, sem dúvidas, uma das maiores demandas. Nós temos uma cota de 68 consultas por mês na Acispes, mas todos os meses mais de 100 pacientes necessitam de encaminhamento e isso acaba gerando uma fila de espera”, explica a agendadora de consultas oftalmológicas de Lima Duarte, Ednéia Lopes. Segundo ela, “embora os pedidos ainda sejam muitos, o município está conseguindo ampliar o número de atendimentos”.
Aliás, encontrar todas as cadeiras da recepção do segundo andar da Acispes – onde funciona o Centro Oftalmológico – ocupadas já virou rotina. Em 2017, foram realizadas 28.586 consultas oftalmológicas para os municípios consorciados e Juiz de Fora, além de 1.274 cirurgias de cataratas. O destaque inclui ainda os atendimentos no plantão 24 horas que somaram 7.696, ou seja, mais de 640 ocorrências por mês.
Na realização de exames oftalmológicos, a Acispes também está se tornando uma referência na região. Tonometria, Biomicroscopia de Fundo de Olho e Fundoscopia, por exemplo, registraram mais de 86 mil atendimentos no ano passado. Quando somados todos os exames realizados em 2017, o montante é de mais de 111 mil. E o consórcio conta com estrutura completa para a realização de procedimentos considerados mais complexos, como Angiografia Fluorescente, altamente sensível e que exige a presença de uma equipe de plantão, e também Microscopia especular, com alta demanda reprimida. Outro destaque é o ambulatório para correção do estrabismo, tipo de alteração ocular que desalinha os olhos para direções diferentes.
Inaugurado em 2010, o Centro Oftalmológico da Acispes foi criado para atender à alta demanda reprimida pela especialidade em toda a região. O serviço é resultado de uma união de esforços entre o consórcio e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) e conta com a parceria da Prefeitura de Juiz de Fora.
O PERIGO DAS DOENÇAS OFTALMOLÓGICAS SILENCIOSAS
O dia 10 de julho é uma data dedicada, mundialmente, à saúde do olho. Apesar de pouco conhecido e difundido, o Dia Mundial da Saúde Ocular foi criado justamente para chamar a atenção da população em relação aos cuidados e prevenção às doenças que podem atingir esses órgãos de extrema importância para o ser humano.
O médico Oftalmologista da Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes), André Venâncio, apresentou um dado alarmante em relação ao número de casos de cegueira no Brasil, além de uma das possíveis causas. “Hoje nós temos mais de 1 milhão de cegos no Brasil e que esse numero, dois terços poderiam ter sido evitados. Então se é um número tão grande que poderia ter sido prevenido, por que isso não aconteceu? Por que q a maioria das doenças é silenciosa, elas não despertam dores, mal-estares e isso não leva a pessoa ao pronto-socorro. Como são doenças silenciosas as pessoas demoram muito para buscar ajuda”.
Uma das principais atenções que devem ser dadas aos olhos é em relação às correções refracionais, principalmente nas crianças. De acordo com Venâncio “segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 15 milhões de crianças na América do Sul, em idade escolar de 5 a 15 anos, não estão com olhos corrigidos refracionalmente. Isso leva a um prejuízo escolar e no nível social” explica.
O médico também destacou algumas das principais doenças que podem atingir os olhos. “A catarata é a primeira causa de deficiência visual. Ela independe de fatores sócio-econômicos. É uma deficiência visual que cresce exponencialmente com a idade. Estima-se que aos 75 anos, 73% da população tenha catarata, então ela vai aumentar. E a população brasileira encaminha ao envelhecimento. Provavelmente teremos mais idosos do que população economicamente ativa. Em segundo lugar está o glaucoma, ele está entre as causas de cegueira, mas é a primeira em cegueira irreversível. Ele é um vilão terrível, por que age de forma assintomática e irreversível. A perda visual pelo glaucoma só pode ser prevenida. Não existe cura, existe tratamento, existe controle. Em terceiro lugar entraria a degeneração macular, relacionado à idade. Em cerca de 90% dos casos, ocorre a forma seca da doença, que ainda não tem cura, apenas prevenção. Os outros 10% são as formas mais graves da doença. Nestes casos, temos boas medicações, boas formas de tratar, mas ainda assim, boa parte da população é levada à cegueira” explica ele.
A prevenção é a melhor forma de se evitar as doenças. Boa higienização na área dos olhos e consultas regulares devem sempre estar presentes nas rotinas das pessoas. Os olhos são constantemente expostos a agentes externos como, por exemplo, poeira, luzes, bactérias, etc. Toda essa exposição a longo prazo pode ser prejudicial. “Os nossos olhos são agredidos o tempo todo, seja com a radiação ultravioleta, ou com fatores ambientais externos, como a poeira. Então, tudo o que diz respeito ao cuidado com a visão passa por esses fatores. Devemos usar óculos de boa qualidade, não expor os olhos a prolongada radiação sem proteção, tomar cuidado com os riscos de trabalho, usando sempre equipamentos de proteção ocular” explica o médico.
O oftalmologista destaca ainda em quais casos as consultas ao especialista devem ocorrer. “O mais importante na saúde ocular é a prevenção, o cuidado. Não espere o olho doer ou ficar vermelho. As pessoas ficam cegas com os olhos calmos. As consultas devem ser feitas de forma periódica. Se a pessoa não tem risco familiar de doença nenhuma, ela pode fazer a cada dois anos, a partir dos 40 anos. Uma pessoa que tem risco familiar, depois dos 40 anos, deve procurar o médico uma vez por ano. É importante realizar um exame oftalmológico completo. Não é só fazer óculos. Ele deve ser feito por um profissional capacitado, registrado no Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com especialidade e que possa fazer um acompanhamento completo”.
No caso de crianças o médico explica que “elas devem fazer uma consulta logo aos 2 anos de idade. Se não houver nenhum fator que chame a atenção para baixa de visão”.
Aliados aos cuidados e prevenção, a medicina também avança em busca de melhorias nas cirurgias e procedimentos voltados para a saúde dos olhos. Segundo Venâncio, novos métodos menos invasivos tem colaborado com pessoas que necessitam de cirurgia nos olhos. “A parte de cirurgia ocular avançou de forma extraordinária, nós temos novas tecnologias, novas lentes intra-oculares para correção da catarata. A parte de cirurgia de glaucoma, por exemplo, avançou para pra as micro-cirurgias, minimamente invasivas, quando controle com colírio já não é suficiente” finalizou ele.