Nessa semana a Prefeitura de Juiz de Fora sancionou, com oito anos de atraso, o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.

Um plano que nem foi “colocado no mercado” e já está com prazo de validade próximo do vencimento.

Falar o que, né?… Diz-se que sobre futebol, religião e política não devemos discutir.

 

Foto: Ilustração

E fico pensando que isso bem deva ser verdade… Pelo menos enquanto esses sejam temas que não conhecemos ou dominamos.

Futebol, de cara, é algo difícil de se levar para uma discussão racional, pois já parte de um princípio irracional: um monte de marmanjos correndo atrás de uma bola.

 

Sobre religião… Esse tema eu teria que me aprofundar ‘muuuuito’ mais para entender o seguinte: como pode haver tanto ódio e discórdia em nome do amor universal?

Finalmente a política… Nesse tema quero me estender um pouco mais e, para entendê-lo em Português claro, precisarei, antes, falar em grego.

Para Aristóteles, “a política era a ciência que tinha por objeto a felicidade humana”, dividindo-a em duas partes:

Ética – que se preocupa com a felicidade individual do homem na polis, atingida apenas quando as ações são guiadas pelo discernimento e senso de justiça para se alcançar os sonhos; Política (propriamente dita) – que se preocupa com a felicidade coletiva da polis.

Agora, dando um jeitinho brasileiro no grego… Política = Polis (cidade) + Ethos (coerência entre sonho, discernimento e ações)

Em outras palavras: o político, no sentido mais profundo da palavra, surge quando o homem, tendo atingido sua plena felicidade por meio da ethos, busca, por obrigação moral, compartilhar esse caminho da felicidade para a polis, propiciando aos demais cidadãos alcançarem sua própria felicidade.

 

Foto: Ilustração

 

Em arquitetura existe uma disciplina que busca exatamente isso, levar a “felicidade” de uma residência individual para a cidade: o nome dessa disciplina é Urbanismo.

 

E o cerne do urbanismo é o mesmo do ser político: levar para o coletivo o caminho de acesso à felicidade, ou melhor, saber replicar para a cidade, ou para o domínio público, aquilo que é uma conquista individual. Se uma residência “ética” tem um projeto que é funcional, permite o melhor fluxo entre os ambientes, permite o uso de iluminação e ventilação naturais, é bela, econômica, sustentável… O urbanismo é a disciplina responsável por levar essas características para o âmbito da cidade.

 

Criação de espaços coletivos de lazer e cultura que integrem e respeitem a característica de cada comunidade, melhoria da circulação de pessoas através do uso de diversas modalidades de transporte coletivo, requalificação de áreas subutilizadas, integração do cotidiano urbano com as áreas verdes, valorização das vias fluviais…

 

Todas essas questões aparentemente utópicas são realidades implantadas concretamente em diversas partes do mundo onde os projetos de urbanistas se uniram à boa vontade do poder público.

Foto: Ilustração

 

Essas ideias, quando implementadas, além de elevarem a qualidade de vida, também desenvolvem economicamente suas regiões. E nem sempre são projetos que envolvem grandes vultos de dinheiro ou de efetiva participação do poder público. Mas que impactam positivamente, o coletivo, por meio de ações pontuais.

 

Se por um lado a “polis” é uma construção coletiva, por outro é uma obrigação ética dos políticos, que devem ser como maestros que não podem privilegiar um ou outro instrumento em detrimento de outros. Está aberta, oficialmente, a temporada de “caça aos votos”…

 

Não sejamos partidos, sejamos plurais (e únicos ao mesmo tempo), como os urbanistas. Transbordemos nossa ethos para que todos possam acessar o caminho da construção da riqueza e felicidade.

 

 




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