Arnaldo Niskier

Yuval Noah Harari escreveu em Israel o seu notável “Sapiens – uma breve história da  humanidade”, publicado em mais de 40 países.  É um best-seller internacional, lançado originalmente em 1911.

Agora, o êxito é do seu “Homo Deus – uma breve história do amanhã”, em que trata as questões da humanidade e do mundo moderno.  Certamente repetirá o êxito do livro  anterior.  Mostra que a guerra se tornou obsoleta e que a morte é apenas um problema técnico.  Para entender quem somos e descobrir para onde vamos, combina ciência, história e filosofia, sem descurar do nosso passado e das nossas origens.  O  pesquisador de história pela Universidade de Oxford e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém dá sinais animadores sobre o futuro da humanidade, com o avanço da genética e as  implicações éticas das mudanças que estão ocorrendo.  A  leitura da sua obra se tornou indispensável para os estudiosos do mundo inteiro.

O que representará a existência de uma inteligência artificial que gerencie aspectos relevantes da vida e da sociedade?  No mundo dominado por algoritmos, até que ponto o livre-arbítrio será importante para  as futuras gerações? Herari, com os seus estudos, observa o passado de forma rigorosamente original.  E assim ajuda a desvendar os próximos passos da evolução da humanidade.

No seu “Homo Deus”, Harari afirmou que “no início do século XXI, o trem do progresso está novamente saindo da estação  e provavelmente será o último a deixar a estação chamada Homo sapiens.  Os que perderem esse trem jamais terão uma segunda oportunidade.”  E vem aí o chamamento para o estudo: “Para conseguir um assento, você tem de entender a tecnologia do século XXI, particularmente os poderes da biotecnologia e dos  algorismos  de computação.  Esses  poderes são muito mais potentes do que o vapor e o telégrafo e não serão usados apenas para produzir alimentos, têxteis, veículos e armas.  Os principais produtos do século XXI serão corpos, cérebros e mentes, e o abismo entre os que sabem operar a engenharia e corpos e cérebros e os que não sabem será muito maior do que aquele entre a Grã-Bretanha de Dickens e o Sudão do Mahdi.  Na verdade, será maior do que a brecha entre  o Sapiens e os neandertais.” E conclui o grande pensador israelense:  “Neste século, os que viajam no trem do progresso vão adquirir aptidões divinas de criação e destruição, enquanto os que ficarem para trás enfrentarão a extinção.”

Pode-se inferir que os humanos estejam empenhados em alcançar a imortalidade, a felicidade e a divindade.  São os ideais tradicionais do humanismo liberal.  As novas tecnologias pós-humanistas ajudarão a calcular  ou projetar o nosso futuro, com as surpresas possíveis, quando o Homo sapiens perder o controle que hoje detém, e se assinalar o avanço de elementos como a biotecnologia e a inteligência artificial. E ficará a dúvida: qual  a religião que substituirá o humanismo?

 

 

 




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