Mesmo sem nenhum registro de poliomielite no Brasil, desde 1990, a preocupação com uma reintrodução da doença no país voltou a preocupar autoridades da saúde em Minas Gerais.
Essa preocupação se deve a recente divulgação de um caso suspeito de pólio em uma criança venezuelana de etnia indígena. Com o constante fluxo de migração de venezuelanos para o Brasil, acrescido das baixas coberturas vacinais contra a poliomielite, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais lançou nesta semana um alerta para a importância da vacinação e os cuidados para prevenção da doença.
Atualmente, a cobertura vacinal no Brasil contra a poliomielite é de 77%. Diante de casos identificados na Venezuela, O Ministério da Saúde enviou nota de alerta para estados e municípios sobre a importância de alcançar e manter cobertura maior ou igual a 95%, além da necessidade de notificação e investigação imediata de todo caso de paralisia flácida aguda que apresente início súbito em indivíduos menores de 15 anos.
O Ministério também informou que a campanha de vacinação contra a doença no Brasil deve ocorrer de 6 a 24 de agosto.
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, provocada pelo poliovírus e afeta várias pessoas em todo o mundo.
A pólio é causada pelo polivírus que, em contato com o corpo humano, multiplica-se no intestino podendo invadir o sistema nervoso central, levando a perda de massa muscular e causando paralisia. Os danos causados pela Poliomielite são irreversíveis.
A transmissão pode ocorrer de pessoa para pessoa, por meio de alimentos e água contaminados ou pelo contato com gotículas de secreções como ao falar, tossir e espirrar.
De acordo com a pediatra e coordenadora do berçário do Hospital Albert Sabin, Márcia Mizrahy, a principal forma de prevenção se dá pela vacinação. “A vacinação é fundamental. Contra a pólio é uma vacina simples que fazemos em três doses injetáveis e que dão uma segurança muito boa. Os recém-nascidos recebem as doses aos 2 meses de vida, depois aos 4 e a terceira dose aos 6 meses. Além disso as crianças também recebem dois reforços com gotinha ao 1 ano e três meses e aos 4 anos de idade.” Aliado a todas as doses de vacinas, vale relembrar a importância da amamentação como forma de prevenção a diversas doenças.
Márcia também destaca a necessidade da população voltar a estar atenta às vacinações. “É importante recuperarmos o lema de não se perder a oportunidade vacinar uma criança. Precisamos resgatar isso e conscientizar a população não só para Poliomielite, mas também outras doenças”, finalizou ela.
Em Juiz de Fora os pais podem buscar informações sobre a vacinação contra Poliomielite e outras doenças, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e no Pam Marechal, que fica na Rua Marechal Deodoro, 216, no centro. Lembrando que a carteira de vacinação é um documento essencial para todas as crianças, por registrar e colaborar na organização das vacinas aplicadas.
Ações do Governo
Diante do caso notificado na Venezuela, o Governo de Minas Gerais reforçou as ações para manter erradicada a doença no Estado. Entre elas estão: o fortalecimento das atividades de imunização nas faixas etárias preconizadas pelo Calendário Nacional de Vacinação (crianças menores de 5 anos); alcançar 95% de cobertura para Vacina Inativada contra Poliomielite (VIP) e Vacina Oral contra Poliomielite (VOP) nas faixas etárias preconizadas e também coberturas homogêneas; manter a vigilância epidemiológica de alta qualidade; notificar os casos suspeitos imediatamente; orientar a população a buscar uma unidade de saúde no caso de aparecimento dos sintomas; entre outras ações.
Cobertura vacinal
Desde 2016, o Programa Nacional de Imunização (PNI) adota a Vacina Inativa da Poliomielite (VIP) para as três primeiras doses, aplicadas aos dois, quatro e seis meses de idade. E para as duas doses de reforço, em crianças de 15 meses e quatro anos de idade, a vacina utilizada é a Vacinal Oral da Poliomielite (VOP).
Em Minas Gerais, a cobertura vacinal geral contra a doença, em 2017, foi de 83% em crianças menores de um ano e 74% para o reforço em crianças maiores de um ano. Em 2018, até o mês de maio, 67% do público prioritário recebeu a 3ª dose da vacina e 54% das crianças maiores de um ano receberam a dose do reforço.
A cobertura vacinal acumulada contra a poliomielite só foi alcançada para a terceira dose, aos três anos de idade, e para o primeiro reforço, em crianças de quatro anos. As demais idades ficaram abaixo da meta, que é 95% do público alvo vacinado. O público prioritário a ser vacinado no estado, nesse ano, é de 253.480 pessoas.
*com informações da Agência Minas.