A possibilidade de servir o Exército é um sonho para Isabella Resende de Carvalho. Continuar o legado da família é ainda mais importante para Brenda da Silva Guimarães. Alcançar estabilidade financeira e possuir um plano de carreira é o que atrai Helmut Vales Fidelis e Bruno de Almeida Braga. Mas o que todos eles têm em comum? Foram selecionados e irão participar do Curso de Formação de Sargentos (CFS), que acontece na sede 10º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro (EB), em Juiz de Fora. No sábado, 7, eles deram início a nova jornada.
Esta também é a segunda vez que o Exército abriu seleção na área militar bélica para mulheres. Cerca de 50 mulheres e 20 homens participarão do CFS, aplicado pelo Capitão Bacchini, instrutor chefe. A primeira turma de formação a contar com segmento feminino se apresentou no ano passado, na sede do 4° Grupo de Artilharia de Campanha (4° GAC) – que também oferece o CFS em 2018, para 50 mulheres e 20 homens -. Por conta de uma readequação para atender aos alunos neste ano, o 10º Batalhão de Infantaria não ministrou o curso na época. Foram 82 alunos, 16 homens e 66 mulheres, sendo que 72 já concluíram a primeira fase do curso, que tem duração de dois anos, previsto para terminar em dezembro deste ano.
“O curso é montado com base em várias vertentes de ensino, para que os alunos terminem com as competências previstas. São conteúdos das áreas cognitivas, que envolvem conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e experiências que são abordados nos dois anos. Com isso, é possível desenvolver aptidões básicas para todos os sargentos da área combatente do Exército, independente de futuramente ele escolher a infantaria, aviação ou mecânica, a formação é única para os militares”, explica o tenente-coronel Guilherme Motinha, comandante do 10º Batalhão de Infantaria, acrescentando que as mulheres farão as mesmas atividades que os homens. “A única diferença entre o sexo feminino e masculino é o alojamento. Fora isso, eles têm que sair daqui e desempenhar as funções com o mesmo padrão que é exigido pelo Exército”.
Ao final da primeira etapa, com duração de um ano em Juiz de Fora, as mulheres seguem para o período de qualificação na Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), na cidade do Rio de Janeiro, onde poderão se qualificar nas áreas de Intendência, Mecânico de Viatura Auto, Mecânico de Armamento ou Mecânico Operador, Topografia, Manutenção de Comunicações e a grande novidade desta vez, a Aviação do Exército, em Taubaté. “As mulheres também podem ingressar em outras áreas do Exército, administrativa, científica e tecnológica, engenharia, magistério”, lembra Motinha.
SONHOS SE CONCRETIZANDO
Filha de um militar, Isabella Resende de Carvalho veio de São João Del Rei em busca do sonho de criança. “Desde nova fui incentivada pelo meu pai. Quando participava de desfiles de ‘7 de setembro’, me dava arrepios. Fiquei encantada com a profissão. Depois de alguns estágios, percebi que ser militar era o que realmente queria. Comecei a estudar e me dediquei para chegar até aqui”, conta.
A ficha ainda não caiu para Brenda da Silva Guimarães, natural de Valença no estado do Rio de Janeiro. “Uma pessoa que está aqui para servir a pátria tem que gostar. Esse é o meu sentimento. É algo realmente importante. Há 27 anos, meu pai recebeu a mesma formação. Quero dar orgulho para ele e continuar o que ele já fez”, diz.
Helmut Vales Fidelis e Bruno de Almeida Braga optaram pela estabilidade e pelo plano de carreira. “A disciplina e hierarquia vão me fazer uma pessoa muito melhor quando terminar o curso. Quero seguir a área de infantaria e aprender para ser um ótimo profissional no futuro. Sou o pioneiro da minha família, um motivo a mais para ter orgulho”, relata o jovem Helmut, que veio do município de Serra no Espírito Santo. “Meu pai foi fuzileiro naval e desde pequeno me ensinou isso. Aprendi a amar a carreira. É um bom plano de carreira e por isso decidi entrar”, acrescenta Bruno, natural de São João do Meriti, no Rio de Janeiro.