Em 2017, o Brasil passou por um dos piores surtos de febre amarela dos últimos anos. O estado de Minas Gerais teve grande contribuição para que o país constatasse a epidemia. Ao todo, foram 162 mortes e 475 pacientes infectados entre julho de 2016 e o mesmo mês de 2017. Por mais que estejamos apenas no início de 2018, o avanço da febre amarela silvestre (transmitida em áreas de mata) no país voltou a causar preocupações nas autoridades de saúde. Conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado nessa quinta-feira, 11, foram confirmados 11 casos da doença no estado, desde julho, período em que se iniciou a segunda fase do monitoramento. Nove pessoas acabaram morrendo, sendo que um dos casos se trata de um homem de 40 anos, que morreu no dia 4 de janeiro após ter contraído a doença em Mar de Espanha, a quase 60 km de Juiz de Fora. Os outros registros foram feitos nos municípios de Brumadinho, Nova Lima, Carmo da Mata, Barra Longa e Mariana. Outros ainda estão sendo investigados, segundo a SES. Nesta sexta-feira, 12, a Secretaria Regional de Saúde realiza coletiva de imprensa para informar o cronograma de ações de enfrentamento da febre amarela.
Apesar de a Secretaria de Saúde (SS) ainda não ter registrado suspeita ou confirmação da doença em Juiz de Fora, corpos de seis macacos mortos já foram encontrados no município este ano. O último foi detectado durante a manhã de quarta-feira, nas proximidades da Faculdade de Educação Física (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Por telefone, a Diretoria de Imagem Institucional informou que as câmeras de segurança do Campus captaram o momento em que o primata foi atropelado por um veículo, por volta das 10h. Os outros animais foram encontrados na região rural, um em Palmital e dois Rosário de Minas, e na Urbana, um no Museu Mariano Procópio e outro no Bairro Vitorino Braga, zona Leste.
De acordo com a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica da SS, Michele Freitas, em apenas três dos seis animais foi possível a coleta do material a ser encaminhado para Fundação Ezequiel Dias (Funed), instituição responsável pela avaliação técnica. “Os macacos encontrados em Palmital, no Museu e na UFJF terão amostra dos seus corpos analisados. Já os primatas dos demais locais não foram possíveis, já que os corpos estavam em decomposição”, diz.
REABERTURA DO MUSEU DEPENDE DA ANÁLISE DOS PRIMATAS
Ao contrário da situação da UFJF, que não precisou ter área isolada pela Vigilância, a reabertura do Museu Mariano Procópio está condicionada ao resultado da análise do material do macaco encontrado morto nas dependências do Parque, que levará cerca de 30 dias. Como medida preventiva, o pátio do Bahamas Manoel Honório, do Bretas Santa Terezinha e na Igreja Quadrangular do Bairro Democrata, que fica na Rua Rafael Zacarias, 65, localizados na mesma região do Museu, receberam postos extras de vacinação. O atendimento será prestado até esta sexta-feira, das 8h30 às 16h.
VACINAÇÃO É A ÚNICA MEDIDA PREVENTIVA
De acordo com o boletim da Secretaria de Estado de Saúde, todos os infectados pelos não haviam recebido a vacina contra a doença. O número de pessoas vacinadas no estado entre 2007 e 2017 chega a 81%, sendo que o índice considerado ideal é de 95%. A SES estima que cerca de 3,7 milhões de pessoas não tenham sido vacinadas no território mineiro, em especial, residentes de 15 a 59 anos, faixa etária mais acometida pelo surto.
Tal informação reforça a necessidade da vacina. Apenas uma dose é suficiente para proteger em toda vida. Ela é indicada para crianças a partir de nove meses de idade e adultos de até 59 anos. Gestantes e idosos com mais de 60 anos devem procurar um médico.
Segundo a PJF, estão disponíveis 18 mil vacinas em todas as Unidades Básica de Saúde (UBSs), no PAM Marechal, Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente e no Departamento de Saúde do Idoso.
Neste sábado, 13, a população poderá se vacinar contra febre amarela, das 8h às 13h, no Espaço Cidadão (Avenida Barão do Rio Branco, nº2.234 – Centro), ao lado do Parque Halfeld. O objetivo é favorecer as pessoas que não têm disponibilidade de horário durante a semana.
POPULAÇÃO PRECISA ESTAR ATENTA
Os casos de febre amarela em Minas são silvestres. Os mosquitos Haemagogus e Sabethes, que residem na mata, são os principais vetores da doença, podendo transmití-la para macacos e humanos. Entretanto, a picada acontece apenas em áreas rurais. Embora a doença não se manifeste no meio urbano desde 1942, há um alerta para os cuidados que devem ser tomados.
Nestes ambientes, o transmissor da doença é o Aedes aegypti, responsável também pela transmissão da zika, chikungunya e dengue. Para que a transmissão urbana da febre amarela ocorra, é preciso que uma pessoa infectada na área rural circule pelo meio urbano e seja picada por um Aedes. O mosquito, então, passaria a contaminar todos que não estejam vacinados. “Certamente que isso preocupa. As cidades estão cheias do Aedes aegypti. As pessoas devem tirar 10 minutos da semana para vistoriar sua residência e seu quintal, não deixando água parada, para evitar os possíveis criadouros”, lembra Michele.