Especialistas analisam o novo salário mínimo e dão orientações para manter as contas em dia

O novo salário mínimo, R$954, começou a valer nessa segunda-feira, 1º de janeiro. Este é o menor reajuste em 24 anos, com um aumento de R$17, e inferior ao estimado anteriormente pelo governo, que era R$965.

A advogada previdenciarista Rose França afirmou que este é o menor reajuste desde o Plano Real. “Ficou abaixo da expectativa dos brasileiros e do próprio Congresso Nacional. O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou em dezembro que o salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas e suprir as despesas de alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência é de R$3.731,39”.

A atual fórmula de reajuste do salário mínimo foi criada em 2012, ainda no governo da presidente Dilma Rousseff. “O aumento é uma regra estabelecida por lei, pelo menos até 2019, então o que a gente tem é uma mera recuperação do poder de compra dado pela evolução da inflação no ano, que foi positiva devido aos números baixos da inflação”, esclareceu o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Wilson Luiz Rotatori Corrêa.

O reajuste foi mais baixo porque a fórmula de correção leva em conta a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Como o resultado do PIB de 2016 foi negativo, o reajuste do salário mínimo foi calculado apenas pelo INPC, estimado pelo governo em 1,81%.

“Como não houve um aumento real, já que não tivemos crescimento, isso impactou com índice baixo no salário mínimo. O trabalhador continua na mesma, é só uma recuperação dos valores da inflação”, afirmou o especialista.

Como o reajuste ficou abaixo da estimativa anterior, o governo deve economizar cerca de R$3,3 bilhões em gastos este ano. “Embora cerca de 45 milhões de brasileiros receba um salário mínimo, este é o menor valor a título de remuneração que um trabalhador pode receber. Em contrapartida, o Ministério do Planejamento, através de mensagem enviada ao Congresso em abril do ano passado, na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), informou que cada real de aumento no salário mínimo gera um incremento de R$301,6 milhões ao ano nas despesas do governo”, enfatizou a advogada previdenciarista.

 

IPTU E IPVA

Os principais impostos neste início de ano são o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). O professor orientou que as pessoas já devem se preparar para a quitação dos impostos no final do ano. “É importante levar em consideração e fazer um planejamento, se possível no final do ano e não gastar demais com as festas, pois realizar o pagamento agora é uma boa oportunidade para aproveitar os descontos”, afirmou.

Além disso, para aqueles que possuem filhos na escola também há gastos com matrícula e material escolar. “A dica é pesquisar, pois justamente nesse momento, onde há um número alto de consumo, a variação de preço é muito grande”, aconselhou Corrêa.

 

PLANEJAMENTO

O professor da UFJF ainda afirmou que é possível que as pessoas se programem para o ano todo. “Sente na frente de um computador ou até mesmo com papel e lápis e faça o orçamento da casa. Contabilize todas as despesas e receitas que você tem ao longo ano. Se possível, separe um valor para poupança para se prevenir em caso de uma despesa inesperada ou desejo de comprar algo e aproveitar as liquidações que ocorrem no segundo semestre”, orientou Corrêa. “Organização financeira começa quando você estabelece o que gasta, o que você ganha e onde pode cortar para deixar as contas em dia”, acrescentou.

Já a advogada previdenciarista orientou que as pessoas procurem comprar à vista, e evitem contrair empréstimos e atrasos com o cartão de crédito e cheque especial. “Se optar por compras parceladas, procure pagar em dia por causa das altas taxas de juros, como no cartão de crédito e cheque especial. Outra dica é evitar contrair empréstimos, pois é uma dívida silenciosa que destrói o orçamento familiar a cada mês”, disse Rose.

Corrêa afirmou que ainda há riscos, por isso, não é aconselhável assumir novas dívidas. “A gente ainda tem um cenário de incerteza do que pode acontecer na eleição presidencial, pois ela afeta diretamente na economia e pode levá-la para um crescimento lento. Por isso, aguarde um pouco e veja o que vai acontecer nos desdobramentos políticos no Brasil”, alertou.

Já Rose França aconselhou que a população seja prudente e faça um balanço geral antes de seguir em frente. “Deve-se calcular o orçamento, quais são as dívidas e despesas fixas, quanto sobra mensalmente e definir como pagará tudo. Aí sim, pode-se ousar em novos projetos”, finalizou.




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