A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) elevou para cerca de R$150 mil mensais o valor do incentivo financeiro, além do que já é investido anualmente, para abrir a porta de atendimento de urgência e emergência do hospital João Penido. A proposta foi apresentada na segunda-feira, 18, durante reunião realizada na Câmara Municipal. A oferta corresponde a três vezes mais que o valor inicial proposta pela PJF que girava em torno de R$50 mil/mês. A direção da unidade afirma que está analisando o que foi ofertado.
Para se chegar ao valor, conforme a declaração da Secretária de Saúde do município, Elizabeth Jucá, no decorrer do encontro foram avaliados todos os dados do hospital no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o Plano Operativo Anual (POA), a população da região estimada em 75 mil pessoas e os atendimentos realizados. A proposta vem em contrapartida ao valor requerido anteriormente pela direção do hospital de R$1 milhão/mês para a prestação do serviço, baseado nos custos de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) tipo 8, em que os recursos de incentivo e custeio estão fixados pelo Governo Federal em R$250 mil reais ao mês, com o número de atendimentos podendo chegar a 13.500 pacientes mensais.
Entretanto, esse patamar é considerado fora da realidade da cidade, de acordo com o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Adriano Miranda (PHS). “A direção está propondo uma montagem equivalente a uma UPA tipo 8, só que isso tem todo o critério técnico para ser implementado, não basta chegar e abrir a unidade. A Prefeitura, na última reunião, conseguiu detalhar o que pode, o que não é viável, e o que cabe no seu orçamento. Ela triplicou o valor inicial que havia proposto, mas se a direção mantiver essa contraproposta não haverá abertura da porta do João Penido. Se houver boa vontade acredito que algo pode evoluir”, reforça.
Miranda também explica que a proposta é ter o atendimento de clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, a qual, segundo ele, já está funcionando, em regime 24 horas. Além disso, os pacientes que apresentassem caso mais grave seriam transferidos ou encaminhados a outros hospitais especializados. “Sabe-se que 95% dos atendimentos realizados pelo hospital são azuis (não urgente) e verdes (pouco urgente), conforme o protocolo de Manchester (processo de classificação de pacientes implantado com pulseiras de identificação, que definem o grau de urgência). São casos de pouca gravidade e que podem ser resolvidos na unidade”, afirma.
POPULAÇÃO ANSEIA PELO FUNCIONAMENTO DO HOSPITAL
Desde 10 de abril de 2014 as portas do setor de urgência e emergência da unidade se encontram fechadas, em razão de uma reforma na estrutura física do prédio. Na época, a justificativa da direção do hospital foi que o objetivo da obra era melhorar a qualidade do atendimento de urgência e emergência. Porém, até o momento, a conclusão da reestruturação não ocorreu.
“Existe grande ansiedade por parte dos cidadãos da região. Antes, o pessoal praticamente não visitava outros hospitais, pois tudo era resolvido ali. O hospital ‘assumia’ o paciente e fazia toda a intervenção necessária. É um prejuízo incalculável, e ainda não entendemos o motivo das interrupções. A região Nordeste continua completamente descoberta”, diz o conselheiro tutelar Laurindo Rodrigues.
PROPOSTA ESTÁ EM ANÁLISE
Em nota, a direção do hospital informa que recebeu a contraproposta da PJF e que está avaliando. Ainda segundo o texto, “a previsão é de que a resposta à gestão municipal e à sociedade seja dada ainda na primeira quinzena de janeiro de 2018”.