Adolescente atendido pela Secretaria de Desenvolvimento Social se torna campeão brasileiro de Kick Boxing

“Você pode me fazer um lutador?”. Com essa pergunta, Roque Sérgio da Silva Junior, 15 anos, morador do abrigo institucional Estância Juvenil, abordou o sargento Luiz Bento, da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), no início de 2017. E, chegando ao final do ano, já faturou uma medalha e um cinturão em campeonatos de luta. A Estância Juvenil é uma casa de acolhimento executada pela Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac) e supervisionada pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Sgt Bento é responsável pelo projeto “Galpão da Luta”, que ensina modalidades de lutas para jovens em vulnerabilidade social. O policial já conhecia o adolescente dos arredores do bairro onde mora, na Zona Norte, local onde faz ronda policial constantemente. “O Roque foi um divisor de águas na minha vida”, declara o sargento.

Para começar a frequentar as aulas de muay-thai, Roque precisou prometer ao treinador que mudaria o comportamento na rua, na escola e na casa. Os treinos começaram em abril e ocorrem três vezes por semana. Desde o início, o objetivo do adolescente era lutar em campeonatos. A primeira disputa foi em agosto, na 1ª Copa Brasil de Muay-Thai, realizada em Ewbank da Câmara e recebeu a medalha. “Ele lutou contra um menino de Belo Horizonte, frequentador de academia especializada e passa por um treinamento forte. Roque deu um show no ringue”, conta o mestre, orgulhoso.

O lutador chegou na Estância Juvenil com o casal de irmãos mais novos. A menina já voltou ao convívio da mãe. O menino, animado com vitória do irmão, também pediu para ser lutador e iniciou os treinos em dezembro. “A luta me trouxe disciplina. Eu era bem mais bagunceiro”, declara o adolescente. A psicóloga da casa, Joana D’arc de Assis confirma a mudança: “As notas dele melhoraram e o comportamento dentro de casa também”. Joana revela, ainda, que após a primeira vitória, o jovem ficou abatido. Roque explica: “A pressão passou a ser maior. Fiquei com medo de não ganhar novamente. A equipe do abrigo me ajudou muito e eu enfrentei meu medo”. Para ele, não existe diferença entre as lutas dos treinos e dos campeonatos: “Aprendi que devo ficar focado no adversário. Se eu olhar para a plateia, vou distrair e perder. Só olho para o público quando termina a luta”, comenta Roque, que ganhou o cinturão no 3º Campeonato Brasileiro de Kick Boxing, que aconteceu no mês de novembro em Juiz de Fora. As vitórias também ajudaram a conquistar “padrinhos”, que colaboram com equipamentos, roupas e academia.

Sgt Bento explica que o objetivo do Galpão da Luta é fortalecer a autoestima dos meninos e meninas. “Observando o que acontecia nas rondas policiais, descobrimos que esses jovens necessitam de motivação, então criamos o projeto. Eles precisam ter frequência e boas notas na escola para fazer exame de faixa”. O Galpão da Luta possui 120 alunos em núcleos espalhados por Juiz de Fora e 110 alunos em Ewbank da Câmara.

A supervisora de Proteção ao Acolhimento Institucional, Gisele Zaquini, destaca que cada acolhido é uma pessoa cheia de sonhos, expectativas e potencialidades. “Buscamos proporcionar o máximo de experiências, para que eles tenham a oportunidade de mudar suas histórias. O acolhimento é um momento, mas a aprendizagem e o acesso às oportunidades são para a vida toda”, ressalta Gisele.

 

Fonte: Agência Minas




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