Juiz de Fora não deverá ter desfiles competitivos em 2018

Devido à crise financeira que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) enfrenta, é possível que os desfiles competitivos do carnaval não ocorram na cidade no próximo ano. A informação foi apresentada pelo superintendente da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Rômulo Veiga, durante audiência pública realizada na tarde dessa terça-feira, 12, no plenário da Câmara Municipal, para debater o assunto.

Conforme Veiga, o recurso para o carnaval, orçado em R$1,2 milhão é considerado “alto” para a realidade financeira do município, uma vez que a PJF não recebe incentivo financeiro dos governos estadual e federal para custear o evento. Segundo ele, o valor corresponde a cerca de 10% do orçamento anual da Funalfa, que é de R$19 milhões. A alternativa para que a festa ocorra seria a viabilização de recursos através da Lei Federal nº 8.313/1991 (Lei Rouanet), em que empresas que investem na cultura podem ter o total ou parte do valor aplicado deduzido do imposto devido, medida que está longe de acontecer.

“A Prefeitura sozinha não consegue bancar o carnaval do próximo ano. Em janeiro de 2017, cheguei a dizer que se não captássemos receitas a partir do projeto de incentivo fiscal, não conseguiríamos realizar a festa, e como a liga depende 100% do executivo tudo indica que não teremos desfile. Temos até o dia 31 deste mês para arrecadar o dinheiro, estamos procurando fechar parceiras com empresas locais e de fora da cidade”, afirmou.

O superintendente explicou que nos últimos 30 anos a PJF chegou a investir mais de R$50 milhões nas escolas de samba e na concessão de espaços, como quadros para realização de atividades culturais e sociais. Entretanto, a Veiga ressalta que a Liga Independente das Escolas de Samba da cidade (Liesjuf), principal agente, não possui um planejamento que visa garantir verba para realizar os desfiles. Na visão dele, a prioridade é a implantação de um Fundo de Requalificação e a criação de um calendário de eventos para gerar recursos.

“Escolas e ligas não possuem calendário anual de eventos. Em outros locais, escolas e ligas trabalham em conjunto. Elas elaboraram calendários, promovem eventos e shows quinzenalmente para consegui dinheiro para a manutenção do carnaval do próximo ano. Mas isso não acontece em Juiz de Fora”, disse.

Além do entretenimento dos juiz-foranos e de pessoas da região, o carnaval tem como propósito fomentar o turismo e assim, atrair turistas e recursos para o município. Mas a ausência do evento no município tem proporcionado insatisfação nos foliões. “Levei um susto quando recebi a notícia de que não terá carnaval. Desde maio temos nos reunido para organizá-lo, mas agora chegam e falam que não tem verba. Quantas pessoas, quantos jovens que poderiam participar das escolas de samba e saírem do caminho do crime? Ano passado cenário era parecido, levaram o carnaval para o parque de exposição, todo mundo se divertiu, participou sem nenhum problema, mas em 2018 parece que não vai ter”, comentou Juliano Silva, morador do bairro Santa Efigênia, zona Sul.

De acordo com o diretor de eventos da Liesjuf, Adriano da Silva, a entidade vem trabalhando em prol da realização dos desfiles. Em contrapartida ao superintendente da Funalfa, ele cita a realização do carnaval no Parque de exposição e a comemoração de 50 anos da festa na Praça Antonio Carlos como projetos organizados pela liga, e que inclusive tentou se reunir com representantes da fundação para planejar o evento do próximo ano, mas que não recebeu a devida atenção. “Tentei conversar com os representantes da Funalfa em agosto, mas não consegui. Senti que eles não precisavam do meu apoio. Entendo que a Prefeitura é atravessada por uma crise, mas o pior é anunciar que uma festa tão bonita e esperada pelo povo da cidade não irá acontecer”, lembra.

O vereador Wanderson Castelar (PT), propositor da audiência, defende que a falta do evento reflete muito na economia do município, culminando no afastamento de turista, o que faz com que o faturamento seja menor e, assim, que menos funcionários sejam contratados na época do ano. Em 2016, a situação foi parecida, os desfiles foram cancelados em razão da falta de verba, após a Funalfa reduzir em 50% o repasse financeiro para as escolas.




    Receba nossa Newsletter gratuitamente


    Digite a palavra e tecle Enter.