Cento e noventa e três cidades brasileiras já contam com o sinal da TV aberta 100% digital, e, em breve, será a vez de Juiz de Fora. Isso quer dizer que as pessoas que ainda não adaptaram a sua TV de tubo ou de plasma com os conversores digitais, futuramente ficarão sem a programação dos canais abertos. A previsão é que a transição do sinal analógico para o digital ocorra em 5 de outubro de 2018.
A mudança, ainda que de forma tímida, tem beneficiado lojas e departamentos de eletrodomésticos da cidade, que registraram aumento nas vendas tanto do conversor quanto de televisores com o equipamento embutido. Se engana quem pensa que o consumidor está preocupado com a qualidade de imagem e som das transmissões. Na empresa Local Eletrônica LTDA a procura está aliada ao medo de ficar sem o sinal da TV aberta. “A primeira coisa que eles falam é que irão ficar sem poder assistir a TV. Somente no segundo momento, após informar a data em que ocorrerá a migração, que a gente consegue mostrar para o consumidor que a qualidade da imagem é muito superior até mesmo no caso das TVs de tubo”, reforça o vendedor Carlos Dias.
O proprietário da Eletrônica São João, Marcelo Alvim, explica que no mercado há várias marcas e modelos de conversores disponíveis e que ele tem utilizado estratégias para vencer a concorrência. Quando o sinal digital foi transmitido pela primeira vez no país, na cidade de Rio Verde, Goiás, ele comercializava o aparelho a R$160, porém, hoje em dia, o valor está na faixa de R$109. Mesmo com a baixa nos preços, Alvim revela que a procura por parte da população ainda está pequena, talvez, pela falta de informação. “Ninguém sabe ao certo quando que vai mudar o sinal. Cada hora é uma data, o que faz com que as pessoas desistam de comprar”, diz.
A grande maioria das pessoas que procuram pelo equipamento, segundo os comerciantes, possui uma TV de tubo em casa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, apontou que ainda existiam 46,5 milhões de aparelhos de televisão de tubo no Brasil, cerca de 44,5% das TVs do país. Entretanto, no mesmo ano, o número de televisões de tela fina representava 58,1 milhões, aumento de 7,6% em relação a 2014. A área rural ainda era a que apresentava a maior proporção de televisões de tubo (68%) enquanto a área urbana manteve o maior percentual de aparelhos de tela fina (58,3%).
O QUE É NECESSÁRIO PARA RECEBER O SINAL DIGITAL?
De acordo com Alvim, para aqueles que já possuem uma TV de alta definição, não será necessário comprar um conversor, pois elas já possuem o equipamento integrado.
Já o vendedor Dias, explica que, no caso daqueles que ainda tem na sua casa uma TV de tubo, será preciso usar um conversor digital e de antena UHF para receber o sinal. Em alguns casos, como o daqueles televisores antigos que não possuem entrada de áudio e vídeo, precisam comprar um adaptador. Quem possui TV por assinatura não precisa fazer a mudança.
Durante o período de transição, os telespectadores da região que assistem aos canais de TV aberta passarão a ver durante a programação um sinal com a letra “A”, que indica que o sinal daquela TV é analógico.
DISTRIBUIÇÃO DE KITS
A Seja Digital é uma entidade não governamental e sem fins lucrativos, criada por determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e responsável por operacionalizar a migração do sinal de TV no Brasil. Famílias de baixa renda atendidas pelo Governo Federal têm direito ao kit. São mais de 20 programas do Cadastro Único (CadÚnico) que dão direito ao kit gratuito. Alguns meses antes do desligamento do sinal analógico de TV, a Seja Digital utiliza campanhas de comunicação para informar o público para que entrem em contato e agendem a retirada dos equipamentos.
Para saber se têm direito e agendar a retirada dos equipamentos, os moradores das cidades que passarem pela transição podem acessar o site do www.sejadigital.com.br/site/kit ou ligar gratuitamente para o número 147 com o Número de Identificação Social (NIS) em mãos.