Mosquitos Aedes Aegypti geneticamente modificados são liberados em Juiz de Fora

A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) realizou na manhã dessa quinta-feira, 30, a liberação dos mosquitos Aedes Aegypti geneticamente modificados, conhecidos como Aedes do Bem, na Praça Padre Geraldo Pelzers, situada no bairro Santa Luzia, zona Sul.

Os Aedes do Bem são mosquitos machos que não picam e não transmitem doenças. Ao serem liberados, copulam com fêmeas selvagens do Aedes e seus descendentes herdam um gene autolimitante, que os leva à morte antes de se tornarem adultos funcionais. Além disso, os descendentes do Aedes do Bem contraem um marcador fluorescente que permite a identificação dos mesmos no laboratório. Portanto, com o rastreamento, será possível mensurar a eficácia do programa. Os mosquitos geneticamente modificados não deixam pegada ecológica, já que eles e seus descendentes morrem, não resistindo ao ecossistema.

“Nós sabemos que no ano passado tivemos muitos casos de dengue em Minas Gerais, foram mais de 500 mil casos no estado inteiro. Só na capital, foram mais de 150 mil e em Juiz de Fora não foi diferente. Nós temos essa luta constante para combater a dengue, zika e chikungunya”, disse o prefeito Bruno Siqueira.

De acordo com a Secretaria de Saúde, em 2016 foram 35.026 casos notificados e este ano já foram notificados 222 casos. A Secretaria alerta que estes casos não foram confirmados.

“Sabemos que elas [as doenças] são transmitidas pelo Aedes Aegypti, e, nesse sentido, nós buscamos várias alternativas para tentar melhorar nosso trabalho de combate ao mosquito. Além disso, sabemos que a vacina ainda não é uma realidade para toda população. Ela tem inconsistência da sua função, pois apenas em torno de 60% das pessoas vacinadas tem imunidade relacionada à vacina, sem contar que pessoas que nunca tiveram a doença não podem ser vacinadas”, alertou o chefe do Executivo municipal.

 

VACINA

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou que o laboratório Sanofi-Aventis, fabricante da vacina da dengue, apresentou informações que sugerem que pessoas que nunca tiveram contato com o vírus podem desenvolver formas mais graves da doença caso sejam vacinadas. A vacina Dengvaxia foi aprovada no Brasil em 28 de dezembro de 2015 e não é oferecida pelo Programa Nacional de Imunizações. Ela é a única aprovada no país.

A suspeita do laboratório, apresentada nesta semana, ainda não é conclusiva, mas, diante do problema, a recomendação da Anvisa é que a vacina não seja tomada por pessoas que nunca tiveram dengue.

O produto é indicado para imunização contra os quatro subtipos do vírus. Para as pessoas que já tiveram a doença, a Anvisa avalia que o benefício do uso da vacina permanece favorável.

 

PARCERIA

A parceira entre a PJF e a Oxitec do Brasil Tecnologia de Insetos Ltda, empresa responsável pelo projeto, foi divulgada no dia 11 de julho deste ano. Na oportunidade, a Prefeitura assinou o contrato para início da implantação do projeto Aedes do Bem na cidade, tornando-se a primeira do estado e a segunda do Brasil a fazer uso dessa tecnologia. Também foi assinado um protocolo, que sinaliza a intenção da Oxitec em construir uma fábrica no município.

“Através da parceria, buscamos algo inovador que possa combater o mosquito. Ele não pica e não faz barulho, não vai incomodar os moradores. Senão, a gente não iria buscar essa alternativa”, ressaltou o prefeito.

O projeto vai custar R$3,3 milhões aos cofres públicos municipais e a parceira entre as partes terá a duração de quatro anos.

 

PRIMEIROS BAIRROS ATENDIDOS

Além do bairro Santa Luzia, os mosquitos foram liberados no Monte Castelo, na tarde dessa quinta-feira, 30, e nova liberação está prevista para a próxima segunda-feira, 4, no Vila Olavo Costa. Estes locais foram escolhidos pois tiveram o maior número de casos de dengue notificados em 2016. Santa Luzia registrou 925 notificações; Monte Castelo, 564 notificações; e Vila Olavo Costa, 162 notificações.

“Esperamos que nos próximos meses essas regiões tenham menos casos que os registrados no passado e, posteriormente, possamos ampliar por toda Juiz de Fora”, frisou Bruno Siqueira. “Queremos, inclusive, que o projeto seja inovador no município e que possa ser estendido por diversas cidades brasileiras”, acrescentou.

O prefeito alertou que o trabalho nas residências não deve ser interrompido, pois, segundo ele, em dez minutos é possível identificar os possíveis criadouros do mosquito nas casas. “O trabalho tem que continuar para que a gente evite casos de epidemias dessas doenças na cidade”, finalizou.

Em seu discurso, o representante da Oxitec do Brasil, Cláudio Fernandes, disse que o evento não se trata do mosquito, mas sim sobre a vida das pessoas. “É importante que a gente dê o valor no que estamos fazendo como um povo só. Estamos indo em frente com propósito de beneficiar os brasileiros, mudar a vida das pessoas e transformar Juiz de Fora na primeira cidade brasileira livre da ameaça do mosquito”, afirmou.




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