Indícios apontam que corpos carbonizados são de traficantes do bairro Esplanada

Após 24h do surgimento do caso, a Delegacia Especializada de Homicídios (DEH) já pode ter identificado os três corpos que foram encontrados carbonizados na Granja Joazal na tarde dessa quinta-feira, 16. “Desde a entrada do caso, as investigações por parte da DEH não cessaram. A princípio, as vítimas seriam três jovens, 21 e 22 anos”, disse o delegado titular da DEH, Rodrigo Rolli.

Os jovens eram moradores do bairro Esplanada, zona Norte, e tinham envolvimento com o tráfico de drogas. Os familiares de dois deles prestaram depoimento na manhã dessa sexta-feira, 17. “Todos os familiares confirmaram que eles dominavam o tráfico de drogas no bairro. Eles possuíam diversas passagens, por tráfico e homicídio. Inclusive, a vítima em potencial de 22 anos, seria o autor da morte do chefe do tráfico no Esplanada. O crime ocorreu no dia 27 de setembro”, relatou Rolli.

O assassinato desse traficante teria tirado a credibilidade do trio. “Na época desse outro traficante, os entorpecentes vinham de fora. Quando eles o mataram, perderam a credibilidade, pois o outro era bem visto no mundo do crime e por isso, eles passaram a comprar as drogas de outros pontos e revender”, explicou o inspetor, Anderson Gibi.

Outras testemunhas foram ouvidas e afirmaram que o jovem de 22 anos possuía dívida com três pontos de venda de drogas da cidade. “Além disso, ele estava jurado de morte devido o homicídio do dia 27. Por isso, ele foi morar em um bairro da zona Sul de Juiz de Fora. Ele retomou o contato com as outras supostas vítimas há cerca de uma semana”, completou o delegado.

O DIA DO CRIME

A esposa de um dos jovens de 21 anos contou em depoimento que o ouviu saindo de casa por volta das 7h30 dessa quinta. “Ela mandou mensagem para ele e por volta de 9h45, por telefone, ele contou que eles tinham ido fazer um ‘corre’ [compra de drogas] no bairro Vila Ideal. Depois disso, ela e os familiares do outro jovem de 21 tentaram entrar em contato, mas não foram respondidos”, relatou o delegado, ao dizer, que os dois jovens teriam ido até o local da compra da drogas para fazer a segurança da terceira vítima. “Nós os questionamos se, devido a todo esse histórico deles, se será comum eles não atenderem e a desaparecerem, e os familiares disseram que não”, completou.

O veículo que era utilizado pelo trio era um Peugeot vermelho, que estava registrado no nome de um morador do mesmo bairro em que o jovem de 22 anos se refugiou. “Segundo as testemunhas, o carro estava com ele porque o proprietário tinha uma dívida de entorpecentes com o jovem”, afirmou Rolli. O Peugeot foi encontrado abandonado no município de Chácara.

Portanto, segundo o delegado, devido ao histórico dos jovens, o desaparecimento dos mesmos e o abandono do carro levam a Polícia a crer que as vítimas são eles. “Eles saíram juntos do bairro e desapareceram. Sem contar a proximidade do bairro Vila Ideal com o local onde os corpos foram encontrados”, ponderou Rolli.

O veículo Outlander, onde os corpos foram encontrados, era um veículo clonado. “O carro é do estado de São Paulo. O proprietário, da cidade de São Bernardo do Campo, já foi identificado e inclusive, ele já teria comunicado ao Detran que estava recebendo multas de outros locais, que ele nunca teria passado”, disse o inspetor, Anderson Gibi.

O serviço de inteligência da Polícia Civil mapeou a movimentação dos dois veículos. “O serviço de inteligência nos permite o rastreamento dos veículos, que são registrados pelos semáforos e radares que eles passarem na cidade e região”, explicou Gibi. “O Peugeot rodou por diversos bairros da cidade, dias antes e no dia do crime. Já o Outlander, o que posso adiantar por conta da investigação, é que ele partiu do bairro Vila Ideal para a área do crime”, completou.

CONFIRMAÇÃO DAS IDENTIDADES

De acordo com o delegado, apenas um laudo técnico poderá confirmar a identidade das vítimas. “Segunda-feira, os familiares vão comparecer na Delegacia para a coleta do material genético, para que possa ser feito a comparação com a ossada encontrada”, falou Rolli. “Não tem como comprovar, se eles foram mortos antes de serem queimados. Só consigo imaginar essa hipótese, se tiver algum ferimento de disparo de arma no crânio, pois é a parte mais intacta que sobrou”, acrescentou.

A temperatura é muito alta e o calor compromete o exame químico do corpo, explicou o delegado, ao descartar a análise da parte de víscera de um dos corpos. “Se eu tivesse algum material, por exemplo, um órgão, eu conseguiria analisar e determinar qual foi a causa da morte efetiva”, esclareceu.

Até o momento, não há indícios de sangue no veículo que era utilizado pelas supostas vítimas e populares da região também não ouviram disparos de arma de fogo, por isso, a Delegacia segue a linha de investigação de que eles foram mortos no local que foram achados. “Trabalhamos com três possíveis motivações, todas com o tráfico de drogas de plano de fundo: desavença no momento da comercialização, represália pelo homicídio ou por conta da dívida”, disse Rolli, que afirmou que investiga em torno de quatro supostos autores.

Os próximos passos da investigação são ouvir os parentes do jovem de 22 anos, que não é de Juiz de Fora, e do proprietário do Peugeot.




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