Os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assinaram nessa quinta-feira, 26, um acordo de cooperação para a implantação de bancos de leite humano. O Brasil será o responsável pela transferência da tecnologia para Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. “A cooperação é para que a tecnologia que nós desenvolvemos para coleta, armazenamento e distribuição seja repetida nesses países. O banco de leite é uma experiência exitosa do Brasil, muito premiada, e que nós multiplicaremos agora”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
O Brasil já coopera com quatro países da comunidade, que adotam o modelo brasileiro de bancos de leite: Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. A partir de agora, todos os países da CPLP poderão atuar de forma integrada na criação de um banco de leite que atenda às necessidades da população local.
Desenvolvida há 32 anos no Brasil, a estratégia de bancos de leite beneficiou, entre 2009 e 2016, mais de 1,8 milhão de recém-nascidos e teve apoio de 1,3 milhão de doadoras. O país tem 221 bancos de leite, em todos os estados e no Distrito Federal, com 190 postos de coleta, além da coleta domiciliar.
O país tem acordos de cooperação e exporta técnicas de baixo custo utilizadas na implantação de bancos de leite para 24 países. Segundo o Ministério da Saúde, em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano como uma das ações que mais contribuíram para a redução da mortalidade infantil no mundo na década de 1990. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 70,5%. Em 2015, a taxa de mortalidade infantil no país foi de 13,82 por mil nascidos vivos.
Segundo a diretora Nacional de Planificação e Cooperação do Ministério da Saúde de Moçambique, Marina Karagianis, o país africano está instalando seu primeiro banco de leite no Hospital Central de Maputo. Moçambique tem uma taxa de mortalidade infantil de 76 por cada mil nascidos vivos. “É uma grande preocupação, temos uma taxa de mortalidade alta entre os neonatais e foi com muita satisfação que os outros países tiveram redução dessa mortalidade”.
O banco de leite em Moçambique está em fase de adequação da infraestrutura física e as equipes estão em treinamento no Brasil com especialistas brasileiros. “Essa ainda não é uma prática em Moçambique, então ainda vamos fazer toda a comunicação para a comunidade para mostrar os benefícios que a doação de leite tem”, explicou Marina.
O termo de cooperação foi assinado durante a 4ª Reunião de Ministros da Saúde da CPLP, em Brasília, que teve como tema “CPLP e Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Além dos bancos de leite, os ministro e representantes dos países conciliaram políticas em outros setores, visando a criação de uma agenda estratégica para garantir uma troca de experiências exitosas na área da saúde.
Em 2016, o Brasil assumiu a presidência da CPLP, por um período de dois anos. Em 2018, a presidência passa para Cabo Verde. Segundo o Ministério da Saúde, a cooperação técnica do Brasil no setor de saúde com os países de língua portuguesa tem ganhado destaque nos últimos anos, contando com 18 projetos em andamento em áreas como o combate ao HIV/Aids, vigilância epidemiológica, formação de recursos humanos e saúde materno-infantil.
Fonte: Agência Brasil