O fechamento do atendimento de urgência e emergência 24 horas no hospital João Penido, há mais de três anos, foi tema de Audiência Pública realizada no plenário da Câmara Municipal, na tarde dessa terça-feira, 24. O encontro proposto pelos vereadores Sargento Mello Casal (PTB), Marlon Siqueira (PMDB) e Júlio Obama Jr. (PHS), teve o intuito de discutir a situação atual do hospital e os impactos ocasionados à população que a suspensão dos serviços provocou.
“A região Nordeste fica sem cobertura da saúde no atendimento primário. São várias pessoas que dependem atendimento emergencial e isso nos fez convocar essa reunião, para cobrar do estado e do município uma opção para a comunidade”, destaca o parlamentar do PTB.
Durante o encontro, moradores lamentaram os transtornos causados pela obra que não foi concluída. “O hospital sempre prestou um ótimo serviço para a comunidade, é referência e todos nós conhecemos esse potencial. Porém estamos órfãos de atendimento. A unidade tem todas as condições, disponibilidade, equipamento, mas falta vontade política para que ele volte a funcionar”, pleiteou Vicente Luiz Dutra, morador do Bairro Grama, localizado na mesma região.
OBRAS INTERMINÁVEIS
Desde 10 de abril de 2014 as portas do setor de urgência e emergência da unidade se encontram fechadas, em razão de uma reforma na estrutura física do prédio. Na época, a justificativa da direção do hospital foi que o objetivo da obra era melhorar a qualidade do atendimento de urgência e emergência. Porém, até o momento, a conclusão da reestruturação não ocorreu.
A Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) orientou que os pacientes que procurarem a unidade em caso de emergência ou urgência deveriam recorrer às unidades de Pronto Atendimentos (UPA) nos bairros São Pedro, Santa Luzia e Zona Norte ou ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), no Centro, algo que tem revoltado os populares. “São mais de 120 mil habitantes que precisam do atendimento. É uma demanda grande, crianças, adultos, idosos, todos necessitam dessa assistência de forma rápida e nas proximidades de suas casas. Algumas regiões da cidade possuem o atendimento emergencial e na nossa não há. É um absurdo ter que cruzar a cidade para conseguir esse suporte”, comentou durante a audiência a presidente da Associação de Moradores do Bairro Santa Terezinha, Nilza Gaudereto.
REFORMA PRECISA DE RECURSOS
O diretor do João Penido, Daniel Ortiz, afirmou que o estado determinou a paralisação das obras no fim de 2016, alegando não ter recursos para a conclusão. “É uma situação que vem ocorrendo desde 2014. As obras estão suspensas por determinação do estado, que admitiu não ter recursos para terminar. Estamos trabalhando para arrecadar dinheiro e terminar o pequeno pedaço que ainda falta, que está impactando os moradores”, reiterou ele, ressaltando que com a obtenção da verba, a obra poderia ser finalizada dentro de dois meses.
Ao final da audiência, ficou decidida uma reunião no dia 24 deste mês, com representantes da PJF, do estado e da Câmara para buscar soluções para o imbróglio. Paralelo à proposta, o vereador Marlon Siqueira protocolou uma representação que será encaminhada ao Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste (CISDESTE), solicitando a criação de um posto móvel, em que será disponibilizado o serviço de atendimento móvel de urgência e emergência (SAMU) para atender a população da Zona Nordeste até que seja restabelecido o serviço do João Penido.