Mês em que se comemora Dia Mundial da Visão é marcado pela importância da prevenção para diminuir os casos de cegueira

Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e celebrado sempre na segunda quinta-feira de outubro, o Dia Mundial da Visão surgiu para conscientizar sobre os cuidados com a saúde ocular para a prevenção da cegueira. No Brasil já existem mais de 1,2 milhões de pessoas cegas, e OMS estima que até 80% dos casos de deficiência visual pelo mundo poderiam ser evitados ou tratados.

Marcos Aurélio Cesário Henriques, de 49 anos, faz parte das estáticas. Há 28 anos ele convive com uma retinose pigmentar (RP), doença hereditária que causa a degeneração da retina, região do fundo do olho e ao longo do tempo vai impossibilitando por total a visão. “Eu tive problema de miopia, usava óculos, enxergava normal. Fiz a cirurgia de correção ocular e minha visão ficou clara, conseguia ver tudo perfeitamente. Porém, com o tempo, a visão começou a ficar embaçada e através do diagnóstico médico descobri a doença”, explica.

Há 8 anos, Henriques participa do programa de atividades de reabilitação promovido pela Associação dos Cegos de Juiz de Fora. Ele conta que, desde então, descobriu uma vida nova. “A princípio era difícil, pois de uma hora para o problema na visão apareceu. Recebi uma bengala da associação, mas não usei e deixei guardada em casa. A visão começou a me atrapalhar, eu precisava me segurar nas pessoas e nos objetos para me locomover, até que uma pessoa me perguntou o que estava acontecendo e eu expliquei que a visão estava fraca. Foi aí que introduzi a bengala em minha vida e percebi o quanto ela me auxiliava”, lembra. “A associação foi o local onde eu descobri que era possível viver da mesma forma que antes. Fiz aulas de locomoção na instituição para apreender a andar corretamente com a bengala, braile, curso de informática e comecei a praticar esportes. Eu não fiquei sedentário, e continuei praticando minhas atividades. Hoje dou aulas de música, pratico corrida, minha vida não parou devido à perda da visão”, reforça.

 

TRABALHO DEDICADO À POPULAÇÃO

Ativa desde 1979 e com foco das atividades voltadas para auxílio às pessoas de baixa renda e que sofrem com a cegueira, a Associação dos Cegos realiza cerca de 3 mil atendimentos mensais na clínica. A ótica da entidade atende há 340 pessoas por mês, o centro cirúrgico realiza mais de 100 cirurgias, além das mais de 2500 pacientes com glaucoma que, trimestralmente, recebem colírio de forma gratuita.

“Oferecemos o apoio total à pessoa que perdeu a visão. Temos o serviço voltado para a prevenção, em que fazemos campanhas em parceria de outros órgãos, sobre a importância de prevenir e se consultar com um especialista”, afirma o presidente da associação, Luiz Eduardo Colares.

O programa de atividades de reabilitação da entidade oferece aos participantes o Braille, orientação e mobilidade, informática especifica para deficiente visual, Atividade da Vida Diária, (AVD) e o projeto Jovem Aprendiz, que é a inserção do deficiente visual no mercado de trabalho. A coordenação da iniciativa, a assistente social Rachel Miranda, conta que a finalidade da ação é trazer dignidade e cidadania para o aprendiz. “Percebemos que ele [deficiente visual] não tem uma colocação no mercado de trabalho e não consegue ingresso através das cotas. Por isso, fechamos uma parceria com a Rede Cidadã, para ministrar cursos nas dependências da Associação dos Cegos e os deficientes entrarem nas empresas através do Jovem Aprendiz”, explica.

Ela ressalta que já tem o aval do Ministério do Trabalho para dar continuidade ao projeto, entretanto, um problema interfere na concreticidade do sonho: a falta de empresas voluntárias. “Já tenho tudo, só falta o empresário. Até hoje nenhuma se adaptou para receber o deficiente. O Ministério do Trabalho está trabalhando em relação a isso, notificando as empresas para que duas se mobilizem. Há mais de um ano estamos brigando por isso, inclusive, disponibilizamos um professor de informática visual, que se prontificou de ir à empresa instalar o programa que o deficiente visual possa trabalhar. O ônus para a organização não será grande, a remuneração do trabalhador se equivale a meio salário mínimo e estamos na expectativa para levar mais dignidade à vida dessas pessoas”, relata.

 

PREVENÇÃO

De acordo com o especialista em oftalmologia, o médico Paulo Roberto, a melhor forma de prevenir as doenças oculares são as consultas periódicas ao oftalmologista. Ele afirma que através do diagnóstico precoce é possível reverter algumas doenças. “Geralmente, quando o glaucoma [caracterizado pelo aumento da pressão ocular, o que provoca lesão nas fibras do nervo óptico e que, quando não tratado, pode levar à cegueira irreversível] é descoberto na fase inicial, conseguimos estabilizar ou reverter. Até mesmo os quadros em que o paciente é diabético. Porém, quando o diagnostico não é feito precocemente, as doenças podem evoluir e se tornar a cegueira”, alerta.

 

QUANDO CONSULTAR O MÉDICO OFTALMOLOGISTA?

A infância é a melhor idade. Dentro dos primeiros meses de vida, de preferência entre 4 e 8 meses, uma avaliação é recomendada, e a partir de então, anualmente. É importante manter essa frequência, pois, ao completar 7 anos, o sistema visual dos pequenos estará completamente formado e a possibilidade de proporcionar um melhor desenvolvimento visual para a criança em caso de qualquer alteração será perdida.

Já entre os 8 e os 14 anos, os erros de refração, como a miopia (dificuldade de enxergar objetos que estão longe) e a hipermetropia (dificuldade de enxergar objetos que estão próximos) são os problemas oculares que normalmente acometem as crianças e pré-adolescentes.
Na fase adulta, a partir dos 40 anos, a pessoa pode desenvolver glaucoma. Chegando aos 50 anos, a população fica sujeita à catarata – opacificação do cristalino (lente natural do olho), que resulta em uma diminuição progressiva da visão. Apesar de levar à cegueira, é uma situação reversível que pode ser corrigida por meio de cirurgia. Após os 60 anos, alguns indivíduos têm risco de serem acometidos por uma degeneração da mácula, que é o centro de maior capacidade visual da retina. Essa é uma doença progressiva e que também pode levar à cegueira irreversível. Entretanto, pode ser retardada ou controlada com medicamentos específicos.




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