PCMG conclui inquérito sobre feminicídio ocorrido em Juiz de Fora

Na tarde desta segunda-feira, 9, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) divulgou informações acerca da conclusão do inquérito do caso de feminicídio, ocorrido no Bairro Santo Antônio, no dia 4 de agosto. Na ocasião, uma jovem de 21 anos foi assassinada, com um tiro no rosto, e encontrada caída dentro do estabelecimento comercial do investigado. Ela tinha um relacionamento extraconjugal com o suspeito, um comerciante de 41 anos. O crime também teria acontecido no interior do estabelecimento, onde havia marca de sangue e indicação de que o corpo teria sido arrastado por cerca de dois metros.

Na época do crime, a Polícia Militar foi acionada pela esposa do homem, que estava no interior de sua residência – situada em frente ao estabelecimento – quando ouviu um estampido. Em seguida, o marido dela teria entrado em casa dizendo que havia atirado na vítima, que sua vida havia acabado naquele momento e que iria fugir. Segundo a delegada Ione Maria Moreira Dias Barbosa, responsável pelas investigações do caso na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, após a prisão preventiva do suspeito, no dia 12 de setembro, a requerimento da autoridade policial, as investigações prosseguiram com a finalidade de apurar a participação da esposa dele no caso. “O acervo probatório autoriza a crer que ela teve papel fundamental na realização do crime”, explicou a delegada.

Segundo ela, o inquérito policial será enviado à Justiça nesta segunda e o investigado e a esposa dele serão indiciados por homicídio triplamente qualificado, conforme artigo 121 do Código Penal, incisos I, IV e VI – por motivo torpe, por traição e por meio que tornou impossível a defesa da vítima, e por se tratar de feminicídio. De acordo com a delegada, havia uma filmagem do momento dos fatos no estabelecimento, que foi encontrada por investigadores em Lima Duarte, quando ele foi preso, e, após análise das imagens, foi possível constatar que ele teria usado uma faca para ameaçá-la antes de matá-la. “Quando ele retornou para buscar o revólver, não estava mais com a faca”, contou, ressaltando que, o objeto teria, em tese, sido entregue à esposa dele para continuar com as ameaças, no momento em que foi buscar a arma.

O casal também será indiciado por tentativa de ocultação de cadáver, previsto no artigo 211 do Código Penal, já que teria arrastado o corpo da vítima próximo ao porta-malas do carro deles, e não teria conseguido ocultá-lo por circunstâncias alheias a suas vontades. Eles também teriam usado uma enxada, encontrada com sangue na mercearia, para arrastar o corpo da mulher. Além disso, responderão por fraude processual, previsto no artigo 347, do Código Penal. Segundo a autoridade policial, eles ocultaram a filmagem e também teriam ocultado outros objetos do crime. Ainda de acordo com a delegada Ione Maria Moreira Dias Barbosa, a soma das penas chega a 37 anos de prisão.

Com os novos fatos, o pedido de prisão preventiva em desfavor da mulher será reiterado junto à Justiça. “Tendo o Ministério Público já se manifestado favoravelmente para prisão da investigada”, concluiu.

 

PRISÃO DO INVESTIGADO

No dia 12 de setembro, a PCMG já havia informado sobre o cumprimento de mandado de prisão preventiva, em Lima Duarte, em desfavor do investigado. No último mês, durante entrevista, a delegada Ione Maria Moreira Dias Barbosa explicou que, no dia dos fatos, ele fugiu do flagrante e, dias depois, apresentou-se na Delegacia, na presença de advogados. “Ele foi ouvido, confessou que tinha um relacionamento com a vítima e alegou que foi acidental”, contou.

De acordo com a autoridade policial, o homem disse, durante depoimento, que queria dar somente um susto na mulher. Investigações apontam que ele se sentia ameaçado por dois motivos: o primeiro deles estaria ligado à existência de um vídeo, de cunho pornográfico, que ele mesmo teria enviado para a vítima e estaria preocupado com a sua divulgação, ameaçando seu matrimônio. “Além disso, ela dizia que o último filho que nasceu poderia ser dele”, explicou. O homem também chegou a enviar várias mensagens para a vítima ir até o local onde aconteceu o crime.

O suspeito foi encaminhado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora.

 

Fonte: Assessoria




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