Trabalhadores e estudantes se reuniram em frente à Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF), no Parque Halfeld em ato contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. No último sábado, 30 de setembro, o prefeito Bruno Siqueira sancionou o reajuste de mais de 12% do preço da passagem. A partir do próximo domingo, 8, os juiz-foranos, que utilizam o transporte coletivo, pagarão R$3,10.
Para a professora aposentada e moradora do bairro Nossa Senhora de Fátima, Cidade Alta, Berenice Celeste Alves, o orçamento de sua família sofrerá um grande impacto com o aumento. “Meus filhos e eu pegamos dois ônibus por dia. Se fizermos as contas, R$3,10 x 6 [número de viagens] x 30 é igual a R$558. Isso é mais dá metade do salário mínimo”, ponderou.
A manifestante sugeriu que o poder Público incentive o uso do transporte público. “Se os ônibus fossem bons, a cidade não teria muitos carros. O que geraria menos gasto do asfalto e poluição”, disse Berenice.
Ela lembrou que o reajuste da tarifa é maior que alguns reajustes salariais. “Nem todo patrão paga vale transporte. Além disso, tem a locomoção dos filhos para escola. Por isso, muitos jovens vieram à manifestação”, ressaltou.
O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Victor Victor, disse que apesar do prazo curto, para o vigor da nova tarifa, a mobilização estudantil vai continuar. “Esse tipo de discussão não é debatido com toda a sociedade. Então, nosso papel, como DCE, é mobilizar nossa base e juntos com os sindicatos e movimentos sociais vamos lutar contra esses ataques”, frisou.
O manifestante destacou que o discurso tecnicista, adotado pelo poder Público, “mascara” a falta de preocupação social. “Em nosso entendimento, esse aumento da passagem é antidemocrático e não dialoga com todos os segmentos da sociedade. A prova disso é o discurso tecnicista”, explicou Victor. “R$0,35 é uma diferença muito grande para quem pega quatro ônibus, pois muitos bairros da cidade, por exemplo, não tem ligação direta com o campus universitário e por isso, o estudante precisa pegar quatro ônibus”, acrescentou.
Ele afirmou que o DCE assumirá a sua cadeira no Conselho Municipal de Transporte e abordará todos os pontos levantados pela classe estudantil. “Além disso, o transporte coletivo tem sido sucateado e a qualidade do serviço está cada vez mais precária. Em descompasso disso, o preço tem aumentado”, disse Victor.
O coordenador da Comissão de acessibilidade do Conselho Municipal dos direitos das pessoas com deficiência, Wellington Lino Mendes Cavalcante, frisou que não consegue entender como os valores gastos com a manutenção dos veículos e o aumento do diesel podem permanecer intacto mesmo com os avanços tecnológicos no setor automobilístico. “Com o passar dos anos, o desempenho do motor melhorou e por isso, gastam menos diesel. Além disso, tem a melhoria do asfalto, o que não acarretaria tantos gastos de manutenção”, esclareceu.
Ele também ressaltou o problemas enfrentados pela comunidade. “Não tem rampas para facilitar o nosso acesso ao ônibus e 17% deles não são adaptados. Eu tenho fotos de elevadores quebrados. Se está quebrado, não deveria nem sair da garagem”.
Representantes da classe trabalhadora e estudantil tiveram a oportunidade de se posicionar perante os demais manifestantes. Eles pontuaram que ao realizar o reajuste o poder Executivo municipal não levou em conta os impactos sociais do aumento da passagem; ressaltaram a necessidade da implantação do passe-livre estudantil; adoção de uma ampla discussão com a sociedade e participação mais ativa do poder Legislativo.
Aos gritos contra o prefeito, o consórcio de transporte público e o reajuste, os manifestantes pararam o trânsito da Avenida Rio Branco e seguiram em direção a Praça Antônio Carlos.