A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) anunciou, na manhã dessa terça-feira, 29, o novo diretor do Jardim Botânico da instituição. O professor do Departamento de Botânica, Gustavo Taboada Soldati, assumiu o cargo. O reitor, Marcus David, também informou que a previsão de inauguração do empreendimento está prevista para o início do próximo semestre letivo, em março de 2018.
“O professor Gustavo, junto com a equipe da Pró-Reitoria de Infraestrutura, em um trabalho acompanhado e monitorado pela Pró-Reitoria de Extensão, conseguiram apresentar uma proposta viável para que pudéssemos implementar o Jardim Botânico”, ponderou Marcus David. “Conseguiram apresentar um plano de ação imediato, que nesse momento de crise, tinha todas as características fundamentais. Uniram ousadia, criatividade e muita competência para dar uma solução para esse grande desafio”, acrescentou.
AS OBRAS
Ao assumir a gestão da Universidade, Marcus David e sua equipe encontraram algumas pendências em relação ao Jardim Botânico. A reforma da casa sede, a implementação da uma casa sustentável e a construção de um laboratório já tinham sido executadas. As obras de paisagismo do empreendimento estavam em andamento e foram concluídas no início deste ano. Porém, o maior impasse era a construção do teleférico e de um trenó de montanha. A gestão anterior já tinha gasto R$12 milhões na execução da obra, mas ainda são necessários R$13 milhões. Atualmente, essa obra está parada e possui problemas jurídicos.
“Além destes três projetos, havia um quarto que não tinha sido iniciado. As edificações foram construídas, mas não tinha rede de água, energia e esgoto. Tinha algumas obras de calçamento que também precisavam ser feitas. Em seu projeto original, essa obra estava orçada em R$7 milhões”, esclareceu o reitor.
Somando os dois valores que ainda eram necessários, 13 milhões para a conclusão do teleférico e do trenó de montanha e para a obra de infraestrutura, a demanda de investimento para o Jardim Botânico seria de mais de R$20 milhões. O orçamento de 2017 para obras da Universidade é de R$10 milhões. Seria necessário usar os recursos de dois anos para resolver todas as pendências e colocar o local em funcionamento.
“Vamos utilizar nossa equipe e materiais feitos pela Universidade, mas será necessário a compra de alguns materiais. Estamos fechando esse levantamento do que nós precisamos. Este gasto não deve ser muito expressivo devido ao uso da nossa mão de obra e material”, disse o reitor, ao afirmar que a expectativa é que este valor não alcance a marca de R$1 milhão.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Gustavo Taboada Soldati, diretor do Jardim Botânico, ressaltou que as discussões acerca do empreendimento já duram dez anos e que, no momento da concepção, os cenários político e econômico eram outros. “Por isso, houve a necessidade de reestruturar o plano diretor para que pudéssemos inaugurar o mais rápido possível. Nesse sentido, fizemos um plano de ação para que o Jardim Botânico realize todas as atividades básicas e fundamentais, sem perder a qualidade, no início do ano que vem”, ponderou.
Soldati disse que para criar o plano de ação foi necessário refletir como é compreendido o significado de jardim botânico. “Jardim Botânico é fundamental para o nosso mundo atual, sobretudo num contexto de perda de biodiversidade e crise ambiental. Nosso jardim tem o papel fundamental de produzir conhecimento, registrar, manter e conservar a biodiversidade com o foco na biodiversidade vegetal. Além da extensão à população e educação ambiental”, completou.
O empreendimento possui cerca de 82 hectares e, para explorar o espaço, a ideia da instituição é trazer algo diferente. “Pretendemos trazer discussões mais atuais sobre as questões da sociobiodiversidade. As ações serão pensadas na natureza, como algo que não está distante da sociedade, como pensamos. Nosso conceito engloba a esfera histórica, cultural, política e econômica da biodiversidade, por isso, se dá o nome de sociobiodiversidade”, explicou o diretor do Jardim Botânico.
Apesar de ser um espaço de lazer e recreação, o Jardim Botânico tem a função de ensino, pesquisa e extensão. “Todas as atividades de lazer e recreação, que são fundamentais, devem estar vinculadas ao conceito de educação ambiental”, frisou Soldati.
RELAÇÃO COM A COMUNIDADE
Uma característica muito importante do Jardim Botânico, segundo a Pró-Reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, é a relação com a comunidade de Juiz de Fora e da região. “É um espaço no qual as pessoas vão para desfrutar a natureza, mas com a compreensão de conservação ambiental. Todos os projetos implementados serão educativos”, disse.
Com o amparo da tecnologia, a Pró-Reitora espera proporcionar aos visitantes aprendizagens. “Todas as faixas etárias poderão visitar e conhecer todas as plantas. Está sendo desenvolvido um aplicativo, no qual as pessoas poderão caminhar e a cada momento ter acesso ao que elas estão vendo”, ponderou Ana Lívia.
Para ela, com o Jardim Botânico, a UFJF cumpre com uns de seus papéis fundamentais. “A Universidade tem um compromisso social. Aquelas pessoas que não conseguem entrar aqui pelo ensino devem desfrutar daquilo que a instituição tem, dentro de um processo educativo”.
Em março, mês previsto para a inauguração, o empreendimento será aberto à toda a população juiz-forana. “É um espaço que será usufruído por estudantes, professores e funcionários, mas, principalmente, pela população. Por isso ele está vinculado a Pró-Reitoria de Extensão, para que a comunidade tenha acesso e o espaço não fique restrito a área da pesquisa e do ensino”, concluiu.