Responsável por doenças cardiovasculares, respiratórias, cancerígenas e por outros males, o tabagismo é o maior causador de mortes evitáveis no mundo. Conforme dados da Organização Mundial da saúde (OMS) seis milhões de pessoas morrem por ano. Por isso, nesta terça-feira, 29, comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Fumo, criado com a proposta de alertar a população sobre os malefícios advindos do uso do cigarro.
Dentre as doenças provocadas pelo tabaco está o câncer de pulmão, o tumor que mais mata no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 90% dos casos de câncer desenvolvido em fumantes estão relacionados ao pulmão. Entre os anos de 2015 e 2016, 191 juiz-foranos faleceram em função das complicações trazidas pela doença, segundo o levantamento da Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Somente nos primeiros quatro meses de 2017, já foram registrados 28 óbitos.
Além disso, o tabagismo está relacionado com questões econômicas e sociais. “O tabagismo está associado ao empobrecimento das famílias. Muitas das vezes, as pessoas deixam de destinar a renda para uma alimentação saudável, para fazer uma academia, um curso e comprometem parte da renda com a compra de cigarros. Em alguns casos, os fumantes não têm a noção do quanto que é desperdiçado com cigarro”, explica a assistente social do Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secoptt) da PJF Sandra Tolomelli.
VALE A PENA PARAR DE FUMAR?
A matemática mostra que sim, inclusive, que o ato de poupar e investir o dinheiro pode fazer com que o fumante fique milionário, ao longo de 30 anos. Levando em consideração que o maço do cigarro custa em torno de R$8, um fumante que consome um maço por dia, ao final do mês, terá gasto R$240, ao longo de 12 meses, R$2880, imagina no decorrer de 360 meses?
Um estudante de jornalismo, de 30 anos, que preferiu não se identificar, conta que fuma desde os 16 anos e admite que o gasto com cigarro é uma quantia desperdiçada. “Comecei a fumar por influência de amigos. Claro que é um dinheiro ‘jogado fora’, um prazer que faz mal. Porém, acaba que a gente não pensa muito”, relata o universitário, que já faz planos para parar de fumar. “Estou no caminho, diminuindo o uso do cigarro”, acrescenta.
TRABALHO EM JF
Em Juiz de Fora, o tratamento do tabagismo é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Secoptt. O Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) é desenvolvido através de campanhas de prevenção, ações educativas e assistência terapêutica, realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade.
O tratamento tem duração de seis meses, totalizando 10 encontros, que são feitos, semanalmente, no primeiro mês, quinzenalmente, no segundo mês e, a partir do terceiro mês, ocorrem mensalmente. O SUS também disponibiliza os medicamentos antitabagismo necessários para o tratamento. “É um trabalho desenvolvido em grupo. O principal é a abordagem Cognitiva Comportamental, que seria a preparação do fumante para identificar o fator que faz com que ele fume e, após essa descoberta, iniciam-se as atividades para que ele saiba lidar com o desejo de fumar e as ações que ele irá tomar para controlar a vontade e se livrar do vício”, afirma Sandra.
O programa também aborda a prevenção e a proteção para as pessoas que não fumam. Conforme o Inca, não é apenas o tabagista ativo que corre risco de adoecer devido ao cigarro, mas também o fumante passivo, ou seja, a pessoa que absorve a fumaça do cigarro por estar próximo de indivíduos que fumam. Estima-se que sete pessoas morram por dia em consequência do fumo passivo.
Atualmente, 150 pacientes fazem tratamento no programa promovido pelo Secoptt. Em 2016, dos 937 pacientes que realizaram o tratamento completo, 510 conseguiram parar de fumar. Sandra reforça que a procura por auxílio tem sido grande e contribui para a redução de fumantes no país. “As pessoas estão sempre procurando. Temos obtido um resultado muito satisfatório. Evidentemente que a legislação, com a criação da Lei Antifumo e as mudanças na regulamentação da publicidade também colaboram, afinal, a indústria do tabaco tem uma força muito grande e as ações do poder público aliadas ao interesse da população em se tratar, proporciona excelentes resultados”, conclui.
Os interessados podem procurar uma UBS próxima de sua residência ou o Secoptt, que funciona na sala 103 do PAM Marechal, na Rua Marechal Deodoro, 496, no Centro.
DICAS PARA PARAR DE FUMAR
– Observe seus hábitos diários e identifique os “gatilhos” que te levam a fumar. Você descobrirá que, ao longo do tempo, estabeleceu certos rituais com o cigarro (fumar ao dirigir, ao tomar café, no banheiro, vendo TV, após o almoço, no computador).
– Já sabendo dos momentos em que você associa o cigarro a determinadas ações, mude sua rotina.
– Reafirme a todo o momento seu desejo de parar de fumar. A motivação é essencial para potencializar sua força de vontade. Toda vez que acender um cigarro, questione se é realmente isso que quer e por que.
– Preencha seu tempo livre com atividades prazerosas. Pratique atividades físicas, leia, faça relaxamento, respire profundamente nos momentos de estresse, caminhe, ocupe o corpo e a mente.
– Quando a vontade de fumar aumentar, tome água gelada, chupe bala, escove os dentes, mantenha as mãos ocupadas e respire profundamente. A vontade não dura mais do que cinco minutos. Você pode vencê-la.
– Faça uma alimentação saudável e mude seus hábitos alimentares. Reduza o consumo de massas, açúcares e gorduras. Troque o refrigerante pelo suco, o açúcar pelo adoçante e o principal: TROQUE O CIGARRO PELA VIDA!
Fonte: Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secoptt)