Alunos, professores e a comunidade se reuniram na tarde dessa terça-feira, 22, no plenário da Câmara Municipal, com autoridades e membros da Secretaria Municipal de Educação e da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) para debater a situação das obras de restauração do Palacete de Santa Mafalda, tombado como patrimônio histórico municipal e antiga sede da Escola Estadual Delfim Moreira.
Com casa cheia, os participantes da Audiência Pública, convocada pelos vereadores Marlon Siqueira (PMBD) e Júlio Obama Jr. (PHS), se uniram para pressionar o Governo do Estado e exigir uma solução para o prédio, que está fechado desde 2013. Os mais de 1500 alunos que estudavam na escola foram transferidos para outro prédio, na Rua Santo Antônio, também em situação precária, onde são gastos cerca de R$44 mil por mês com aluguel, e não atende às necessidades escolares, conforme os relatos de uma aluna do colégio, de 16 anos. “Não tive a oportunidade de conhecer as instalações antigas. Fui matriculada no novo prédio e isso me frustrou muito, pois no novo local somos restritos a qualquer atividade, como educação física, a preparação de eventos, sem contar que a biblioteca é o espaço mais precário, sempre que chove, ela alaga e perdemos os livros”, explica.
“É muito difícil ver os alunos animados, interessados pelas atividades no novo local. Meus familiares estudaram na Delfim Moreira e sempre me falavam coisas boas de lá. Quando fui me matricular, vi que o novo prédio era completamente diferente. Por isso, queremos que a reforma aconteça logo. Será lindo estar no antigo prédio e organizar nossos eventos”, completa a estudante.
De acordo com o professor e diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sindute/JF), Givanildo Guimarães, o objetivo das reivindicações é o início e conclusão das reformas, para que as atividades retornem para o prédio. “Precisamos de uma resposta imediata, não dá para esperar o prédio cair aos pedaços e continuar pagando o aluguel absurdo do local atual. É preciso uma tramitação com caráter de urgência para finalizar o projeto e a abertura da licitação. Além disso, gostaríamos que a escola também fosse informada sobre os trâmites”, afirma.
O superintendente da Funalfa, Rômulo Veiga, ressalta que o tombamento do edifício não é um complicador para o início das obras, o problema está na falta de planejamento. Segundo ele, em junho de 2014, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) recebeu um projeto arquitetônico para restauração do edifício, entretanto, foram identificadas falhas no projeto, que poderiam acarretar na descaracterização do patrimônio tombado. Devido a isso, foram realizadas solicitações para correções e, somente em março de 2017, houve o recebimento e a aprovação da Funalfa.
“É importante ressaltar que existe um projeto arquitetônico aprovado, que originará inúmeros outros projetos, que ainda não existem. Somente após a estruturação desses projetos, conseguiremos estabelecer as planilhas orçamentárias para lançar a licitação. Estamos bem otimistas, mas temos que cobrar o engajamento desses projetos”, esclarece. O diretor administrativo da Superintendência Regional de Ensino de Juiz de Fora (SRE/JF), Marcelino José do Carmo Rocha, reforça que o projeto arquitetônico está pronto e aprovado pela Funalfa.
O engenheiro da SRE/JF, Cristiano Andrade de Oliveira, justifica a demora no início das obras. De acordo com ele, em novembro de 2012, a escola solicitou uma vistoria para averiguar infiltrações no segundo pavimento do prédio e problemas na estrutura de uma sala localizada no térreo. Na ocasião, a inspeção detectou os problemas, mas não interditou por completo o local, pois não localizou problemas estruturais e obstruíram apenas a sala dos professores. Ainda segundo ele, a questão era a troca do telhado e o reparo na sala, porém, por se tratar de um prédio tombado, as obras foram destinadas ao antigo Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais (Deop-MG), devido à complexidade da engenharia. “A partir daí, nossa função é acompanhar o andamento do projeto para montar a planilha orçamentária e executar a obra. Estamos atentos e acompanhando os trâmites”, conclui.