O que mais dignifica a pessoa humana é o bem que possa fazer ao outro. O altruísmo nunca diminui, mas aumenta a satisfação da alma. Engana-se quem pensa que o enriquecer de matéria, de ouro e prata, egoisticamente, possa trazer paz à mente, serenidade ao coração, tranquilidade ao espírito. Se as coisas materiais são necessárias ao legítimo conforto que todos devem ter, ao progresso dos povos, o excesso, a ganância, a avareza são elementos enganosos que acabam se tornando venenos para a vida.
Cristo, ao ensinar a seus discípulos sobre a salvação eterna, exclamou: Vinde, benditos de meu Pai…pois tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me acolhestes, estava nu e me vestistes, doente e me socorrestes na prisão e fostes me visitar…(Mt 25, 34-36). São Tiago ensinou que a fé, se não se traduz em obras, por si só, é morta (Tg 2,17).
Os cristãos, desde o princípio, entenderam e praticaram esta verdade que dignifica e salva. A partir de experiências anteriores, já no século 3, havia em Roma uma organização caritativa, presidida pelo bispo local, o Papa Fabiano, que dava socorro a cerca de 500 famílias empobrecidas. A idade média foi marcada, toda ela, por iniciativas dos cristãos e dos organismos de igreja, pela força da caridade, unindo sempre a fé e a missão à pratica do amor fraterno. Os mosteiros funcionavam como verdadeiros centros caritativos, onde os pobres procuravam alimentos, os doentes, remédios, os refugiados, acolhimento, os desabrigados, acolhida e até os órfãos abandonados às portas dos claustros eram adotados e pelos monges recebiam educação.
Muitos são os santos que ganharam a honra dos altares, por terem praticado extraordinariamente a caridade. Entre tantos, pode-se recordar os nomes de São Martinho Tours (séc. 4); São Bento e Santa Escolástica (séc. 6) Santa Edwirges (séc. 12), São Francisco de Assis (séc. 13), Santa Isabel da Hungria (séc 13), Santa Isabel de Portugal (séc. 14), São João de Deus e São Camilo de Leles (séc. 16), São Vicente de Paulo e Santa Luiza de Marilac (séc. 17), e as mais recentes e conhecidas, Santa Teresa de Calcutá e Beata Irmã Dulce dos Pobres (séc. 20).
Santo Antônio de Pádua (séc. 13) praticou a solidariedade cristã e pregou forte sobre o dever de acudir aos mais pobres, afirmando: “A palavra é viva quando falam as obras. Cessem, pois, as palavras e falem as obras. Estamos cheios de palavras, mas vazios de obras! ”
O Papa Francisco, movido pela Palavra de Cristo, tem insistido para que a Igreja seja cada vez mais missionária, voltada para as periferias, onde se encontram os mais sofridos. Deseja o Sucessor de Pedro que a Igreja esteja sempre em atitude de saída. Aos jovens, no Rio de Janeiro, em 2013, ele ordenou paternalmente: Ide, sem medo, para servir.
Movida por estes pensamentos, a Arquidiocese de Juiz de Fora pretende dar novos passos nos caminhos da missão e de seu compromisso com os empobrecidos e sofredores em geral. Lançando o olhar para o Haiti, sendo este o país mais pobre da América Latina e do Caribe. Para lá partimosno próximodia 16 de julho, com mais cinco jovens e um casal, lá permanecendo alguns dias, com a finalidade de fazer um estudo e ver a viabilidade de estabelecer um compromisso missionário com aquela gente que, às vezes, chega a comer biscoitos de terra, para matar a fome.
Com a graça de Deus, nossa Igreja Particular de Juiz de Fora, através dos Jovens Missionários Continentais e outros grupos ou pessoas, poderá dar este novo passo na sua aspiração de ser uma Igreja Sempre Missionária, pobre com os pobres, em continuo processo de saída, como desejou Cristo ao final de sua missão: ide por todo mundo, a todos anunciai o evangelho (Mc 16,15).