Superdosagem de ácido fólico na gravidez aumenta risco de autismo em bebês

Agosto é considerado o Mês das Grávidas e, entre tantas preocupações, as gestantes devem ficar atentas quanto à ingestão do ácido fólico, que se consumido em grandes quantidades pode provocar autismo no bebê.

De acordo com o doutor em Obstetrícia pela Unifesp e professor titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Dr. Antonio Cabral, o ácido fólico (vitamina B9) participa de várias funções no organismo e, se for ingerido corretamente, protege o bebê, auxiliando o fechamento do tubo neural e contribuindo para o neurodesenvolvimento do embrião. “As crianças herdam genes dos pais e eles funcionarão corretamente a partir da ingestão de vitaminas. Dentre os vários genes, há os que definem a formação morfológica do bebê, ou seja, que fecham a coluna, a face e as estruturas cardíacas. Quando o ácido fólico é ingerido na dose correta, o bebê tem toda a estrutura fechada”, afirma Cabral.

Porém, a superdosagem pode oferecer riscos para o bebê. “Um dos riscos é o bebê nascer com autismo, síndrome com múltiplas causas. Uma dessas causas é a genética relacionada à nutrição”, explica. “É comprovado pela ciência que determinado gene responsável pela maturação encefálica, chamado neurodesenvolvimento do embrião, quando diante de excesso de ácido fólico, faz uma expressão equivocada, levando a criança a ter dificuldades nas questões cognitivas e emocionais, ligadas ao autismo”, complementa.

Os alimentos que contêm pequenas doses de ácido fólico são as farinhas de trigo, integral ou de milho, presentes nos biscoitos, massas, pães e bolos, até mesmo nos suplementos e complexos ingeridos por crianças e idosos.

A orientação passada pelo médico é de que a gestante deve ingerir cerca de 400mcg (microgramas) de ácido fólico pelo menos 30 dias antes da concepção e no primeiro trimestre da gravidez. Além de controlar a quantidade ingerida da substância, as mães devem tomar outras medidas para o filho nascer saudável. “Não fumar, não ingerir bebida alcoólica, praticar atividade física e ter alimentação balanceada com certeza influenciam, mas o uso do ácido fólico na dosagem correta é o grande segredo”, afirma Cabral.

O médico também ressalta que, de acordo com levantamento da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 42% das mulheres brasileiras planejam a gravidez, mas nem todas utilizam ácido fólico ou fazem uso na dosagem correta. Essa dosagem adequada de ácido fólico para gestantes só é encontrada nas farmácias.

 

MITO

Cabral desmistifica a crença de que a gestante tem que comer por dois durante a gravidez. “Engane-se quem acredita que é preciso comer por dois durante a gravidez. A gestante precisa é alimentar-se bem, mas isso não se refere à quantidade e sim à qualidade dos alimentos, com nutrientes necessários para os bebês, como proteínas, que ajudam a formação da estrutura corporal, minerais essenciais para a formação do cálcio, sendo fundamental para os ossos, iodo para formar o hormônio tireoidiano, entre outros, e vitaminas que servem para estabilizar a parte genética”, informa.




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