O Grau Máximo De Sentimento Religioso

A verdadeira e correta fé é aquela que proporciona tranqüilidade à alma dos homens. As seitas religiosas que, com palavras ameaçadoras, incutem temor e inquietação na mente das pessoas podem ser consideradas “quadrilhas” de falsos pregadores mascarados de religiosos.
“A paz seja convosco”; “Vinde a mim todos os que estais fatigados e carregados, e eu vos aliviarei”; “Não resistais ao (que é) mau”; “Não julgueis”; “Vós, pois, orai assim: ( … ) Perdoa-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido ( … )”. – estas palavras de Cristo demonstram, com clareza, que os preceitos religiosos e morais por ele preconizados visam proporcionar tranqüilidade à nossa alma.
Enquanto permanecermos intransigentes no intuito de combater o mal, acusando o próximo e negando-lhe o perdão, não conseguiremos manter nossa própria paz espiritual. Enquanto estivermos acusando o próximo e vendo-o como pessoa má, seremos atormentados pelo nosso próprio pensamento e acabaremos por viver num verdadeiro inferno. O homem não é punido pelo pecado em si, que parece existir objetivamente, mas por sua pró-pria mente (elemento subjetivo). Mesmo que o pecado pareça existir, se a mente não o “segurar”, com o tempo ele acabará se dissipando e desaparecendo, como a fumaça do cigarro, pela ação auto purificadora do Universo.
O grau máximo de sentimento religioso não é um estado de êxtase fanático, mas sim um estado espiritual de total liberdade e serenidade. Assim era o estado espiritual de Shinran, que falava sobre o desapego às coisas fenomênicas, usando expressões como “espírito de total confiança em Buda”, “espírito que não se prende a quaisquer acontecimentos fenomênicos, sejam eles bons ou maus”, e dobonzo Ryokan, que declarou com serenidade: “Quando chegar a hora do infortúnio, que assim seja; quando adoecer, que espere a morte. Ter esse desapego é a mais sábia maneira de se proteger dos infortúnios”.
Alcançar o despertar espiritual significa compreender que os fatos do mundo fenomênico são como nuvens passageiras, águas que fluem ou fragmentos de sonhos efêmeros, e deixar de se prender a tais fatos e sofrer por causa deles, visualizando sempre o mundo da Imagem Verdadeira, de perene felicidade. O grau máximo de sentimento religioso consiste em transcender a vida e a morte, conscientizando que nascimento e morte não exis-tem realmente e que a vida é eterna. Consiste em reconhecer todas as criaturas que vivem neste mundo como seres búdicos (filhos de Deus) verdadeiramente imaculado, e conscientizar que o Paraíso já está manifestado aqui e agora. Compreendendo isso, os familiares, empregados, empregadores e clientes, enfim, todas as pessoas passam a se reverenciar mutuamente. A mente que julga o próximo faz aparecer o inferno, ao passo que o espírito de reverência mútua concretiza o Paraíso na Terra.

A NOVA FÉ RELIGIOSA
A fé religiosa implica crença na existência de Deus? Digo “sim”. Implica crença na existência da natureza divina no próprio ser humano? Digo: “É essencial crer nisso”. Contudo, a fé religiosa não é, absolutamente, um sentimento (ou emoção) místico, vago, indefinível. Ela consiste na crença em Deus que está aqui, agora; em Deus que está trabalhando agora; em Deus que Se revela agora; em Deus que está junto de nós agora; enfim, em Deus que podemos discernir claramente agora. A fé reli¬giosa é, também, crença na presença viva de filho de Deus alojado na alma bela, jovial, pura e afetuosa de cada ser humano.




    Receba nossa Newsletter gratuitamente


    Digite a palavra e tecle Enter.