Brasil perde espaço no comércio global para segmentos da indústria

O agronegócio brasileiro perdeu espaço no mercado internacional, segmentos da indústria sofrem com a pouca integração na economia mundial e o setor de serviços tem deficiências estruturais, avalia a Organização Mundial do Comércio (OMC).

O Brasil segue sendo o maior exportador mundial de açúcar, suco de laranja, café, carne de aves e soja, e mantém-se como terceiro exportador agrícola do mundo, atrás de União Europeia (UE) e Estados Unidos.

Nos últimos quatro anos, as exportações agrícolas brasileiras totalizaram US$370 bilhões. Mas os embarques brasileiros representaram 5,1% do total agrícola mundial em 2015, comparado a 7,3% no período 2010-2013. A OMC não explica a queda.

Em 2016, os principais destinos das exportações agroalimentares brasileiras foram China (24,9%), União Europeia E (18,7%), Estados Unidos (5,1%) e Japão (3,1%). Os chineses se tornam um comprador cada vez mais importante, atingindo US$17,8 bilhões em 2016.

O setor industrial se diversificou, as atividades estão no auge em alguns segmentos, mas existem dificuldades em outros, devido, em parte, à escassa integração na economia mundial. O exemplo citado pelo relatório é a indústria automobilística.

Conforme a entidade, o setor automotivo brasileiro, “protegido e virado para o mercado interno”, representava 0,6% do valor agregado bruto (ou 1,1% incluindo peças e componentes automotivos), e 4,6% da produção manufatureira em 2014.

Em 2016, a indústria automobilística brasileira empregava 104.412 pessoas no país, retração de 30.931 pessoas em relação a 2013, em 67 fábricas espalhadas em 11 Estados, segundo cifras publicadas pela OMC.

A indústria de veículos instalada no Brasil – a nona maior no ranking mundial em 2015, um recuo na comparação com o quinto lugar em 2013 – enfrenta sérias dificuldades, diz a OMC. A produção, afirma a entidade, recuou de 3,7 milhões de unidades em 2013, ano de pico, para 2,4 milhões em 2015. Para a OMC, há sinal de excesso de capacidade no setor no Brasil.

Na área de serviços, apesar de certos progressos, a OMC aponta persistentes deficiências estruturais “que freiam o potencial de crescimento da economia no seu conjunto”. É o setor que continua mais contribuindo para o valor agregado bruto e criação de emprego no país, mas apresenta “resultados medíocres na esfera internacional”.

Embora os serviços nem sempre gerem exportações diretas, os resultados do setor são considerados um componente essencial da competitividade global do país. E as exportações de serviços do Brasil não têm crescido no mesmo ritmo que as outras grandes economias emergentes, conclui a OMC.

No relatório, a entidade também destaca que a Petrobras, controlada pelo Estado, tem endividamento de US$125 bilhões. E nota que a empresa espera um recuo de produção para 2,1 milhões de barris por dia em 2017, mas prevê aumentar a produção para 2,7 milhões de barris por dia em 2020.

Ainda no exame da política comercial entre 2013-2016, a OMC avalia que o Banco Central do Brasil não procurou influenciar a taxa de câmbio e as intervenções no mercado de divisas se limitam a conter a instabilidade excessiva no curto prazo. Constata que, entre 2013 e 2015, o real se desvalorizou cerca de 20% em termos efetivos reais, “se aproximando de um nível correspondendo mais aos fundamentos”, e depois se valorizou cerca de 6% no ano passado.




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