Secretaria de Saúde contabiliza quase 200 casos de sífilis no primeiro semestre do ano

Até o momento, segundo dados da Secretaria de Saúde (SS), o município já tem 191 casos confirmados de sífilis. Desse total, 35 se manifestaram de forma congênita (bebês que nascem com a doença), outras 43 ocorrências foram identificadas em gestantes e 113 pessoas adquiriram a doença. Neste último cenário, a infecção pode ter ocorrido por meio do contato sexual sem proteção ou transfusão de sangue infectado. Em 2016, foram notificados 390 casos na cidade, 93 há mais que em 2015. Já em todo o estado de Minas houve, também no primeiro semestre deste ano, 3.729 casos notificados de sífilis adquirida, 1.357 casos de sífilis em gestantes e 710 casos de sífilis congênita. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

O gerente do Departamento de DST/Aids de Juiz de Fora, Oswaldo Alves, ressalta que a doença tem algumas fases. “Inicialmente aparecem lesões bem claras na boca ou partes íntimas e que não causam dor. Após três ou quatro semanas elas desaparecem. Logo, a pessoa acredita não ter nenhuma enfermidade e não procura atendimento médico. Num segundo momento surgem manchas escuras nas solas dos pés e palmas das mãos. Em estágio avançado, a doença atinge o sistema nervoso central e também pode ocasionar problemas cardiovasculares”, avalia Oswaldo, ressaltando que o teste rápido pode ser feito na sede do Departamento, localizada na Avenida dos Andradas, 523, térreo, no Centro.

O PERÍGO DA SÍFILIS EM GESTANTES

O número de ocorrências de sífilis em mulheres grávidas vem diminuindo nos últimos anos. A Secretaria de Saúde constatou 74 casos em 2016 e 93 em 2015. Porém, a médica obstetra do nível de atenção secundária do Departamento de Saúde da Mulher, Rosely Bianco, ressalta que a prevenção deve estar sempre em alta e que o primeiro passo, após diagnosticada a gravidez, é buscar atendimento em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS).

“Este é o primeiro local onde a mulher deve se dirigir para fazer o pré-natal. Caso a paciente apresente algum tipo de intercorrência que possa colocar em risco a saúde dela ou do bebê, a mesma será encaminhada para o Departamento de Saúde da Mulher ou, ainda, outros serviços de atenção à saúde de nível secundário, como a Santa Casa, o Hospital Doutor João Penido e o Hospital e Maternidade Terezinha de Jesus. O Hospital Universitário (HU) da UFJF também presta um serviço de pré-natal de alto risco”, esclarece Rosely, que também integra o do Comitê de Prevenção à Mortalidade Perinatal da SS.

A médica destaca ainda que a morte neonatal mudou o perfil e que a sífilis deve ser diagnosticada no pré-natal. “Essa doença pode não ocasionar a morte da mãe, mas leva o bebê a óbito. Por isso é muito importante a mulher realizar o tratamento de saúde antes de engravidar. Existem doenças que devem ser diagnosticadas no primeiro trimestre de gravidez, pois muitas delas atingem o sistema nervoso central dos bebês e podem ser prevenidas com o uso de ácido fólico”, explica.

MORTALIDADE MATERNA EM JF

Apenas em 2016, Juiz de Fora registrou dez óbitos maternos. De acordo com dados da Secretaria de Saúde, 45,36% das mortes nos últimos quatro anos ocorreram em até 42 dias pós-parto, 16,49% no período da gravidez e 38,14% de 43 dias pós-parto a um ano. A gravidez precoce, que atinge meninas e adolescentes dos 10 aos 19 anos, representa 9% do total de óbitos.

Em âmbito nacional, o Brasil teve redução de mortalidade materna, porém continua longe do ideal. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 830 mulheres morrem de complicações com a gravidez, ou relacionadas com o parto, todos os dias.

A morte materna ocorre durante a gestação ou 42 dias após o parto, quando as mulheres são acometidas por doenças obstétricas, em razão da gestação, ou por complicações de doenças pré-existentes. “Por isso é importante realizar a consulta pré-concepcional. Este procedimento identifica as mulheres com problemas como pressão alta e predisposição para diabetes gestacional. Porém, esse cuidado é uma cultura que ainda não foi assimilada pelas mães”, finaliza Rosely.




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