“Esta vida de luxo e esplendor no palácio, este corpo sadio, a alegre juventude – de que vale tudo isso para mim?” – essa foi a pergunta que o jovem Sakyamuni fez a si mesmo, ao refletir profundamente sobre a vida. E chegou à seguinte conclusão: “Um dia, eu também adoecerei, envelhecerei, e morrerei. Em última análise, eu também, como todas as demais pessoas, não poderei fugir do destino imposto a este corpo carnal. Tanto a glória desta juventude repleta de vigor, como a glória da minha condição de príncipe e de futuro rei, que me permitem desfrutar todos os prazeres deste mundo, não passam, afinal, de breves sonhos coloridos.”
Esta conclusão ele a denominou como “as quatro dores do ser humano”, que são: nascer, envelhecer, adoe-cer e morrer. Qual é o caminho para transcender essas quatro dores? É o da busca daquilo que é eterno. Todavia, é inútil tentar buscar o eterno dentro das coisas materiais e perecíveis, sujeitas também a “nascer, envelhecer, adoecer e morrer”. O jovem Sakyamuni sabia disso. Por isso, em vez de proceder como um certo imperador chinês que mandou procurar remédios materiais contra o envelhecimento e a morte, agiu com grande sabedoria: abandonou todos os bens materiais, despediu-se da vida de conforto e opulência, e tornou-se um modesto monge peregrino, em busca daquilo que é eterno – daquilo que não é material. Vemos nessa atitude a profunda sinceridade do jovem Sakyamuni.
Se surge em nós o anseio por aquilo que é eterno, é porque o eterno existente em nós está começando a despertar. Esse despertar ocorre em todas as pessoas na adolescência, levando-as a buscar aquilo que é eterno. Mas, sendo a adolescência uma fase de grande susceti-bilidade, os jovens são também facilmente atraidos pela beleza material do mundo a seu redor e pelos prazeres dos sentidos. Assim, acabam esquecendo o anseio por aquilo que é eterno e passam a buscar os efêmeros prazeres do mundo material para alhear-se dos dissabores da vida; passam a procurar um meio de enriquecer rapidamente e a ter ideias tão errôneas como usar a religião como instrumento para obter riquezas materiais.
Às vezes, as pessoas param para pensar sobre si mesmas e dão-se conta de que o seu anseio de libertar-se do que é transitório e buscar o eterno desapareceu com o passar do tempo e que agora estão se deixando arrastar pelo fútil desejo de obter coisas materiais, que são transitórias.
Jovens – e também os menos jovens -, não estarão vocês precisando ressuscitar aquele anseio pelo eterno que foi despertado em sua adolescência, e voltar a viver com seriedade? Para isso, a melhor oportunidade é agora, instante em que vocês acabaram de ler estas linhas.
AQUELES QUE AMAM
O amor em beleza tudo. Por mais pobre e mal vestida que esteja a mãe, ela é bonita quando está amamentando o seu bebê. Também uma dona de casa, mesmo com a aparência prejudicada pelas tarefas domésticas e modes-tamente vestida, é bonita quando está olhando as bancas da feira, com ar compenetrado, pensando o que comprar dentro dos limites de seu orçamento, a fim de preparar pratos saborosos para o marido. Também as nada belas rugas que cobrem o rosto de uma anciã transformam-se em belos traçados quando ela sorri amorosamente para o seu netinho.
Como é belo o amor! Tudo se torna belo quando existe o toque do amor. Das pessoas sem amor, que só trazem ódio dentro de si, não emana beleza alguma, por mais bela que seja a sua aparência. As belezas da natureza são obras de Deus. As obras de Deus são a manifestação do amor de Deus. Portanto, o amor e o belo são um na essência. Infelizes são os que nunca amaram: eles desconhecem o que é verdadeiramente belo. Podemos dizer que as pessoas que vivem uma vida realmente bela são aquelas que amam. Quem conhece realmente as belezas naturais são as pessoas que amam a natureza. Quem conhece realmente a beleza do ser humano são os que amam verdadeiramente o ser humano.