Alto índice de agrotóxicos em verduras e legumes pode causar contaminação aguda

A maçã grande, bem vermelha e esteticamente perfeita, pode ser, na verdade, um perigo para o organismo, pois pode concentrar alto teor de substâncias químicas, utilizadas para prolongar sua vida útil nas prateleiras dos supermercados. O Brasil é um dos principais produtores agrícolas do mundo, mas também um dos maiores consumidores de agrotóxicos. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 64,1% dos defensivos utilizados nas plantações do país são classificados como “medianamente tóxicos”, e, 27,7%, como “altamente tóxicos”.

Neste ano, a Agência divulgou, pela primeira vez, o resultado de uma pesquisa que revela os alimentos com maior índice de contaminação aguda. Antes, o órgão avaliava apenas as irregularidades no emprego de agrotóxicos no campo. A laranja foi o item que mais causou alarde. Das 744 analisadas, 90 foram consideradas com risco agudo de contaminação. Do total das amostras de cada fruta ou verdura analisada, a porcentagem de contaminação também foi divulgada: abacaxi (5%), couve-flor (2,6%), uva (2,2%), alface (1,3%) e morango (0,6%).

O QUE FAZER?

A nutricionista Ana Cláudia Fabre ressalta que é indispensável higienizar de forma adequada as verduras, frutas e legumes. “O primeiro passo é lavar os produtos na água corrente. Depois, deve-se deixá-los de molho por 15 minutos em um recipiente com uma solução de água sanitária ou bicarbonato de sódio. Para cada um litro de água na solução é recomendado uma colher do agente químico”, explica. A Anvisa ressalta que não há estudo científico que comprove a eficácia da água sanitária ou cloro na remoção de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. Porém, os produtos citados pela nutricionista são eficazes na eliminação de bactérias.

“A solução está em adotar como hábito de consumo os produtos orgânicos, valorizar a agricultura familiar e dar preferência aos produtores locais, pois, como eles não são produzidos em larga escala, há menos emprego de pesticidas nos alimentos”, ressalta Ana Cláudia, que também recomenda aos consumidores atenção redobrada aos produtos da safra. “Por ser o período de determinada verdura, fruta ou legume, a produção ocorre de forma mais natural, não sendo necessária uma grande utilização de agrotóxicos para estimular o desenvolvimento daquela cultura”, explica.

BONS INDÍCIOS

De acordo com levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), houve crescimento expressivo do mercado defensivos agrícolas naturais nos últimos anos. Em 2011, existiam 1.352 agrotóxicos químicos registrados no Brasil e somente 26 produtos à base de agentes de controle biológico ou biocontrole. Em 2013, já havia registro de 50 produtos para uso em agricultura orgânica e convencional. Nos últimos anos, o número de solicitações de registros de produtos biológicos continuou aumentando, o que indica, na avaliação da Embrapa, mais interesse por esse tipo de defensivo.




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