Tribunal mantém decisão e acusados da morte de Matheus Goldoni vão a júri popular

A 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu manter a decisão que determina que os dois seguranças, um ex-segurança e o gerente de operação de uma casa noturna de Juiz de Fora, acusados pela morte de Matheus Goldoni, sejam julgados pelo Tribunal do Júri.

Os réus recorreram da decisão, alegando que não há provas de que eles participaram do crime, porém os desembargadores rejeitaram as preliminares suscitadas pela defesa. Quanto à reconstituição do crime, consideraram que os suspeitos não podem mais questioná-la, pois seus advogados acompanharam a reconstituição e nada contestaram. Também não levantaram qualquer questionamento na audiência de instrução, deixando para impugná-la apenas nas alegações finais.

O grupo também pediu a exumação do corpo para nova perícia, porém os magistrados concluíram que não havia dúvidas de que a causa da morte foi asfixia por afogamento e, portanto, a exumação dois anos e meio após o crime seria irrelevante.

No que se refere à decisão de submetê-los a julgamento perante o júri, o relator, desembargador Júlio Cezar Guttierrez, considerou que há indícios de materialidade e autoria, requisitos necessários para a decisão.

Em relação ao gerente e ao ex-segurança da boate, envolvidos no caso, o desembargador Doorgal Andrada considerou que suas condutas não indicavam a intenção de matar, pois, segundo as provas dos autos, eles não chegaram a entrar na mata que dava para a cachoeira onde a vítima foi encontrada. Assim, votou para que eles fossem excluídos da decisão. No entanto, o desembargador Corrêa Camargo concordou com o relator, e o veredicto foi mantido em relação aos quatros suspeitos.

A ESPERA DE UM RECOMEÇO*

Há dois anos e sete meses aguardando o fim deste capítulo triste de sua vida, Nivia Goldoni Soares Ribeiro, mãe de Matheus, afirmou que a decisão já era esperada pela família. “Todos os indícios levam a eles e para que a justiça seja feita e a verdade apareça, como tem sido mostrado, a gente já aguardava essa resposta”, disse.

Segundo Nivia, a vida de sua família foi transformada após o crime e agora espera esse desfecho para seguir com a vida. “A gente nunca esquece um filho, a dor e a saudade sempre vai estar dentro da gente. A dor de perder um filho não tem igual, mas a gente luta e Deus nos fortalece. [Com o fim do processo] a gente espera que tenhamos pelo menos um recomeço, que possamos respirar um poucos mais e dá seqüência a nossa vida”.
O caso precisa ser retornar a Juiz de Fora para o julgamento seja marcado.

O CRIME

De acordo com a denúncia do Ministério Público, vítima estava no interior da boate quando se envolveu em uma briga com dois clientes e com seguranças, sendo expulso da casa noturna. Na saída, a vítima tentou dar um soco em um dos acusados e saiu correndo, sendo perseguido por dois seguranças. Ainda segundo a denúncia, o acusado que é ambulante e ex-segurança da casa noturna deu carona de moto a um dos seguranças. Eles alcançaram a vítima cerca de 250 metros da boate, perto de uma trilha que dá acesso a uma cachoeira.

Os dois dos acusados mataram a vítima por meio de asfixia por afogamento na cachoeira, enquanto os outros dois vigiavam a entrada da trilha. O crime aconteceu no dia 16 de novembro de 2014 por volta das 2h30, no bairro São Pedro. O corpo da vítima foi encontrado no dia seguinte, no mesmo local.

* Da Redação




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