O número de pessoas que passaram a consumir alimentos orgânicos aumentou. O levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis), mostra que, cerca de 15% da população urbana ingeriu algum produto nos últimos dois meses. O relatório aponta, também, que seis em cada dez consumidores consomem verduras orgânicas. Os legumes e as frutas são escolhas de uma em cada quatro pessoas. Entra as outras opções disponíveis ao consumidor de orgânicos estão produtos como carnes, chocolates, sucos, leites, laticínios, biscoitos, sabonetes e até tecidos.
Conforme o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Hildebrando Marcelo Campos Lopes, esse método de cultivo permite a produção de um alimento saudável. “O consumidor tem um alimento saudável, sem uso de produtos químicos no cultivo. Geralmente, grande parte desses alimentos são cultivados por agricultores dessa região ou da microrregião, principalmente, as hortaliças. Isso possibilita um giro na economia local”, explicou.
Lopes comentou, também, sobre o aumento na procura e na produção dos alimentos orgânicos. “A produção tem crescido em Juiz de Fora, inclusive, percebemos que muitos agricultores nos procuraram querendo entender o sistema de produção orgânica. Na capacitação que realizamos ano passado, 70 agricultores da região participaram. Devido a isso, deduzimos que se os agricultores nos procuraram certamente a demanda dos consumidores aumentou”, afirmou.
ORGÂNICO
Para ter o selo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que reconhece como produto orgânico é necessário seguir alguns critérios, como ter certificação por organismos credenciados pelo ministério, sendo dispensados da certificação os produzidos por agricultores familiares que fazem parte de organizações de controle social cadastradas no Mapa.
De acordo com o gerente, o produto para ser orgânico deve ser cultivado sem uso de adubos químicos ou agrotóxicos, utilizando-se do ecossistema onde está sendo produzido. “Ele deve preservar as condições naturais do solo, aproveitar-se da microbiologia e a ciclagem de nutrientes do solo, e estar relacionado ao desenvolvimento sustentável. O emprego da mão de obra familiar visa dar qualidade na saúde do trabalhador que está envolvido no sistema de produção”, lembrou. “O grande diferencial é a interação com o agro sistema, reduzindo o impacto do homem na produção de alimentos. A proposta da agricultura orgânica é a interação com os sistemas naturais”, completou Lopes.
VISÃO EMPREENDEDORA
A nutricionista, Jéssica Mariqui, explicou que desde a faculdade se interessou pela área e aproveitou o fato de Juiz de Fora não ter um restaurante que oferece alimentos orgânicos para entrar no mercado. Há dois anos ela possui um estabelecimento que atende aos consumidores. “Desde a faculdade percebi que a cidade não tinha um local com esse apelo. Temos restaurantes de comidas saudáveis, mas não com o foco em orgânico. Esse foi o meu diferencial”, contou.
Jessica reforçou, também, que houve um aumento muito grande pela procura dos alimentos. “Muita gente desconhece o conceito de orgânico. Geralmente, associa com vegetariano. Aos poucos o cliente que tem a oportunidade de conhecer, se torna fiel, entende como funciona e começa a comprar para fazer em casa”, destacou.
A especialista esclareceu, ainda, sobre o preço elevado dos alimentos. “O arroz que vendemos é comprado no Rio Grande do Sul. Além de pagarmos por um produto que é mais caro por ser orgânico, existem também os impostos e os custos com frete. A mesma situação ocorre com a farinha que vendemos. Agora, para as verduras e os legumes, cada vez mais estão surgindo novos produtores, o que nos possibilita uma grande melhoria nos preços”, finalizou.