Audiência Pública debate criação de departamento de necropsia animal

Autoridades, representantes de órgãos ambientais, de proteção animal e populares se reuniram na tarde dessa terça-feira, 20, no plenário da Câmara Municipal para debater e alertar sobre a necessidade da implantação de um Departamento de Necropsia Animal. “O surto de febre amarela foi o início dessa discussão e, mediante a isso, levantamos as questões. Hoje, não temos um local apropriado para fazer exames nos animais. Precisamos da criação desse departamento, que serviria para identificação de doenças dos animais, coletas de material para análise e o descarte correto dessas amostras coletadas. Outras cidades, menores que Juiz de Fora, já possuem Centros de Controle de Zoonoses, que trabalham na viabilização de exames e diagnósticos”, comentou o veterinário Luciano Carlos.

Segundo o vice-presidente da Sociedade de Médicos Veterinários da Zona da Mata (Somvemata), José Carlos Pontello, a construção do departamento permite a identificação e a correção das doenças oriundas de animais. “É a terceira vez que venho a essa casa, para falar do mesmo assunto. Estamos em um país onde o vetor, a bactéria, e até os restos dos animais sobrevivem. Perdemos muitas vidas, muitos diagnósticos por não ter identificado às doenças. Estamos gastando recursos do Sistema de Saúde, tentando curar doenças que ainda não sabemos quais são. Se não formos responsáveis, vamos virar um celeiro de doenças”, reforçou.

O chefe do Departamento de Medicina Veterinária (DMV) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Adolfo Firmino da Silva Neto, explicou que a UFJF firmou um convênio com a Prefeitura para auxiliar nos trabalhos, no entanto, ainda é preciso um planejamento específico para atendimento no setor. “Durante o período do surto de febre amarela percebemos que ainda falta estrutura para realização de exames dos corpos dos animais. De uma maneira emergencial, cedemos o espaço da sala de necropsia, que tem alguns equipamentos específicos para analise, porém, ainda é um espaço em fase de estruturação”, lembrou. “O nosso laboratório pode auxiliar em um primeiro momento, mas, deve ficar claro que a continuidade dos serviços deve ser garantida pelo poder público”, completou.

CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES

Em 2014 o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), assinou um convênio com o Governo de Minas Gerais para a construção de um Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), no Bairro São Damião, na zona Norte da cidade. O projeto estava orçado em mais de R$1,6 milhão, sendo que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) contava com o recurso de R$1,1 milhão, proveniente de uma emenda parlamentar, e o restante do valor, cerca de R$538 mil, seria a contrapartida do município. O espaço estava previsto para ser implantado em 2015, contudo, nada aconteceu.

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, o recurso que estava disponível foi destinado para ajudar no controle da epidemia de dengue do ano passado. Além do mais, os custos da construção do CCZ hoje, ultrapassam R$2,3 milhões e a manutenção do centro para a Prefeitura, giraria em torno de R$230 mil mensais. “A Prefeitura não se esquiva e entende a importância dessa obra. Ano passado, trabalhávamos na proposta de implantação do CCZ. Entretanto, sofremos com a epidemia da dengue, e esse recurso que estava disponível foi destinado para o combate da doença. Pensamos até em antecipar etapas, alugando um local ao invés de construir. Estamos passando por uma crise muito grande e a Vigilância em Saúde, que sempre teve recursos, neste ano teve um corte de 76%, inviabilizando qualquer novo projeto. Hoje não temos esse dinheiro para custear a obra. Estamos trabalhando com muito planejamento e cautela para captar novos fundos. Entendemos a importância, mas vivemos das mesmas dificuldades dos outros estados”, finalizou.




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