Câmara sedia audiência pública da Comissão da Verdade em Minas Gerais

Na próxima quarta-feira, 21, das 8h às 12h, o plenário da Câmara Municipal de Juiz de Fora será palco de uma audiência pública da Comissão da Verdade em Minas Gerais (Covemg) que terá como tema Ditadura Militar na Zona da Mata: Memórias da Repressão, Vozes da Resistência. A audiência, aberta ao público, pretende ouvir pessoas da Zona da Mata que viveram o período da ditadura e podem esclarecer com seus relatos os episódios de violações de direitos humanos na região.

Entre os convidados estão Edison Nogueira da Silva, aposentado da Companhia de Estrada de Ferro Leopoldina, que foi preso em 1965 sob a acusação de participar da resistência ao regime junto ao Sindicato dos Ferroviários; Francisco Carlos Limp Pinheiro, filho do vereador Francisco Afonso Pinheiro, cassado em 1964 por recomendação do general Olympio Mourão Filho; o casal José Luiz e Nair Guedes, que foi preso, torturado e precisou viver na clandestinidade e fugir do país; o professor aposentado, dramaturgo e diretor teatral José Luiz Ribeiro, que vivenciou a censura à imprensa e às produções culturais; Ricardo Fontes Cintra, que foi preso em Ibiúna quando participava do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) e passou por prisões em Belo Horizonte, Juiz de Fora e São Paulo, tendo sido torturado; e Vanderli Pereira Pinheiro, que foi liderança do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tombos, perseguido e ameaçado.

Menção Especial

Outros nomes que atuaram na resistência ao regime autoritário, como Clodesmidt Riani, José Villani Côrtes, Misael Cardoso Teixeira e Moisés Alex Alves, receberão menção especial na solenidade, como forma de recordar a trajetória de luta. Será lembrada também a atuação de profissionais que atuaram na defesa dos direitos humanos, como os advogados que defenderam presos políticos e jornalistas que atuaram na reconstrução de narrativas sobre os episódios históricos. A menção é uma forma de homenagear todos aqueles que sofreram violações ou denunciaram sua prática e marca, ainda que antecipadamente, o Dia Internacional de Luta contra a Tortura, celebrado em 26 de junho.

Covemg vai visitar unidades de repressão

A Comissão da Verdade em Minas Gerais (Covemg) vem à cidade, também, para coletar depoimentos, visitar unidades de repressão e buscar documentação. O objetivo é avançar nas pesquisas sobre as violações dos direitos humanos praticadas na região da Zona da Mata durante a ditadura. Entre os integrantes da Covemg que acompanham a comitiva está Emely Vieira Salazar, que, entre 1970 e 1971, esteve presa na antiga Penitenciária de Linhares. Na época recém-formada em psicologia pela antiga UCMG (hoje PUC Minas) e militante da Ação Popular (AP) ligada ao movimento da Igreja Católica.

Emely foi denunciada em vários inquéritos e torturada no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em Belo Horizonte, tendo sido absolvida no julgamento. Em Juiz de Fora, ela se recorda de ter passado por mais duas unidades além de Linhares e, durante a visita ao município, tentará reconhecer quais foram os locais. Ela estará acompanhada do coordenador-geral da Covemg, Robson Sávio Reis Souza, e dos integrantes Carlos Melgaço Valadares, Jurandir Persichini Cunha, Maria Celina Pinto Albano e Paulo Afonso Moreira, além da equipe técnica e de pesquisadores do grupo.

Também estarão na cidade para a audiência o secretário de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais, Nilmário Miranda, o secretário adjunto Biel Rocha, e o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, José Francisco da Silva.

Fonte: Assessoria




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