A Polícia Civil identificou o taxista auxiliar, de 48 anos, que utilizava o nome da delegada Sheila Oliveira para cometer crime de estelionato na cidade. O suspeito afirmava para as vítimas que a delegada “ajudaria” na emissão ou mudanças na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
“Foi oferecido essa vantagem ilícita para uma pessoa que me conhecia. Ela pensou em aceitar, mas, com dúvidas e por me conhecer, ela resolveu me procurar no meu gabinete na Câmara Municipal para entender como funcionava”, explicou a delegada Sheila. Após a vítima relatar o caso, Sheila comunicou o crime à delegada Patrícia Ribeiro, coordenadora da banca de habilitação de Juiz de Fora.
As investigações duraram cerca de dois meses e, nesse período, segundo a delegada, ela foi novamente procurada. “Mais três pessoas me procuraram com a mesma conversa, me cobrando o documento e eu comecei a me preocupar”, ressaltou.
Segundo a delegada Patrícia Ribeiro, o suspeito foi identificado e ouvido nessa quarta-feira, 31, e em sua casa, situada no bairro de Lourdes, zona Leste, foram encontrados diversos documentos. “Os documentos localizados elos investigadores normalmente, são usados para dar entrada no pedido da carteira. Além das quatro vítimas já identificadas, queremos localizar e ouvir essas demais pessoas, donas dos documentos”, explicou a delegada, que destaca que o homem confessou o crime.
O valor do serviço variava entre R$800 e R$1.700, dependendo da necessidade da vítima. “Quando as pessoas o procuravam cobrando o documento, ele enrolava e dizia que não tinha encontrado o seu contato na Polícia Civil, mas a pessoa poderia aguardar que a carteira iria chegar”, disse Patrícia.
As investigações apontaram que o suspeito escolheu o nome da delegada Sheila Oliveira para passar mais credibilidade para as vítimas. “Elas acreditaram que eu teria condições de resolver esse tipo de problema, porém, isso não é possível, eu não trabalho no setor de habilitação”, explicou Sheila, que atualmente é delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. “Depois do término do inquérito policial e das investigações, vou pensar na possibilidade de processá-lo, pela seriedade do fato. Eu sou uma pessoa pública e meu nome não pode ser usado de forma indevida”.
A investigação também quer descobrir se o suspeito já agia na cidade usando o nome de outros policiais e delegados.
O homem foi ouvido e liberado, pois não foi flagrado cometendo o crime, porém, ele será indiciado por estelionato. O inquérito deve ser finalizado em até 30 dias.
ORIENTAÇÃO
Para evitar que mais pessoas caiam em golpes do tipo, Patrícia Ribeiro orientou que a população procure uma auto-escola para que ela realize os procedimentos. “Nenhuma pessoa particular tem autorização para dar entrada em documento para um terceiro, somente a auto-escola”, ressaltou Patrícia, ao lembrar que as CNH’s não são emitidas na cidade. A documentação somente é enviada pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), situado em Belo Horizonte.
CORRUPÇÃO ATIVA
Conforme a delegada, não adianta procurar outras pessoas para ter vantagem e adiantar o processo, pois oferecer vantagem indevida a um servidor público para que ele faça ou deixe de fazer alguma coisa configura-se como crime de corrupção ativa. “Nesse caso, ele não era um servidor público, mas usava o nome de um. Portanto, as vítimas ainda correm o risco de ficar sem a carteira, o dinheiro e ainda serem indiciadas”, finalizou Patrícia. A punição pelo crime de corrupção ativa é de até oito anos de reclusão