Há quem diga que uma instituição de ensino, seja ela universidade, faculdade ou escola, não garante apenas a formação acadêmica, mas também humana. E é por isso que na última reportagem da série Patrimônio e História, em comemoração aos 167 anos do município, que o Diário Regional traz à tona um panorama dos avanços, conquistas e desafios da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Com a junção de estabelecimentos de Ensino Superior de Juiz de Fora, reconhecidos e federalizados, a universidade foi criada em 23 de dezembro de 1960, por ato do então presidente Juscelino Kubitschek. A instituição é a segunda universidade federal do interior do país a ser criada. Já a cidade universitária foi construída em 1969.
Apesar de sua importância histórica na formação acadêmica, o reitor da UFJF, Marcus Vinicius David, relembra que a Universidade vivenciou um intenso processo de reorganização e reestruturação. “A UFJF ocupou, anteriormente, a mídia com temas muito negativos, como o atraso no pagamento do benefício de bolsas concedidas aos alunos e pagamentos de terceirizados que não eram feitos, gerando interrupções de vários serviços. O período conturbado pelo qual a instituição passou foi motivado pelo aspecto da má política nacional, mas, sobretudo, devido a uma crise interna muito forte, que levou à renúncia de um reitor”, avaliou Marcus, referindo-se ao desligamento de Júlio Maria Chebli, que apresentou carta de renúncia em novembro de 2015. Em 2016, o vice-reitor Marcos Vinício Chein Feres também renunciou ao cargo.
NOVOS RUMOS…
Ao assumir o cargo, David relatou que a instituição vivia uma crise administrativa muito grave. “Começamos a trabalhar com transparência, com a ampla divulgação da situação orçamentária e financeira da Universidade. O Conselho Superior (Consu) trabalhou intensamente regulamentando procedimentos. Um exemplo disto foi o avanço obtido na normatização do processo de trabalho dos funcionários, com uma série de regulamentações relativas à jornada de trabalho”, ressaltou.
O reitor ressaltou ainda que outro grande avanço foi uma nova implantação dos órgãos que estavam desestruturados. “Reativamos o Conselho Setorial de Extensão e Cultura, um organismo fundamental para as nossas ações externas. Tivemos a oportunidade de lançar novas parcerias com o setor empresarial. Nesse sentido, executamos a criação, oficializada em julho de 2016, do Grupo de Trabalho Desenvolvimento e Inovação na Mata Mineira (GDI-MATA), feito em parceria com a Prefeitura e vários outros órgãos. Essas são algumas ações que exemplificam o nosso processo de institucionalização após o período grave de crise”, ponderou.
Uma promessa de avanço apontada pelo reitor refere-se ao Parque Tecnológico, que está sendo projetado para a interação entre empresas intensivas em tecnologia, tanto as já consolidadas quanto as emergentes que nascem de pesquisas universitárias. Logo, a intenção dessas empresas com os pesquisadores e laboratórios da Universidade será fomentar projetos colaborativos que intensifiquem atividades tecnológicas, de modo a acentuar a competitividade da economia da região que abrigará o Parque. “Estamos retomando as discussões sobre o projeto e, em breve, lançaremos um novo edital de licitação”, disse.
Entre os avanços recentes da instituição estão o projeto Moradia Estudantil, que selecionará os inscritos com base no perfil socioeconômico ainda neste mês, e o estabelecimento de cotas para deficientes, “que é um desafio imediato para nós, já que elas atendem a uma exigência na legislação federal”, finalizou o reitor.
HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
Os primeiros cursos da UFJF foram Medicina, Engenharia, Ciências Econômicas, Direito, Farmácia e Odontologia foram. Em seguida, foram vinculados Geografia, Letras, Filosofia, Ciências Biológicas, Ciências Sociais e História. Cursos oferecidos nas modalidades de licenciatura foram distribuídos entre as diversas unidades do campus.
O curso de Jornalismo foi criado e veio a se constituir em um dos Departamentos da Faculdade de Direito. Na década de 1970, com a Reforma Universitária, a UFJF passou a contar com três institutos básicos: Instituto de Ciências Exatas (ICE), Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL). Em 1999, uma nova unidade foi criada: o Centro de Ciências da Saúde, onde passaram a funcionar os cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina. Em 2006 foram criados o Instituto de Artes e Design (IAD) e a Faculdade de Letras (Fale).