O berço do progresso da Manchester Mineira

Um tempero de estilos do passado, com fortes influências do clássico e neoclássico, registrado no conjunto arquitetônico da Praça da Estação. Mas este nome surgiu em algum lugar no tempo não datado, pois refere-se ao popular; ao modo como os juiz-foranos se referem àquele lugar. Nos registros da história, porém, o Marco Zero da cidade consta registrado como Praça Doutor João Penido, uma referência e homenagem a João Nogueira Penido, o homem de família humilde, que, com sua sede de conhecimento, inspirou muitos outros. Na busca pelos efeitos ainda desconhecidos de medicamentos, ele usou seu próprio corpo como cobaia. Penido chegou lá! Tornou-se médico, exercendo a profissão e fazendo história.

Para além do homem cujo nome ficou marcado com a inserção de seu nome na Praça, vale destacar que o local foi palco de um período áureo para o município, pois foi por volta de 1869 que começou o processo de implantação da ferrovia naquela região. Nesse sentido, “a existência de uma grande rede ferroviária é um dos fatores que podem ser apontados como diferenciais da Zona da Mata das demais regiões mineiras no que se refere ao seu aspecto físico, à fisionomia das suas cidades, já que as ferrovias trouxeram consigo não apenas novos recursos de construção, mas, sobretudo, uma nova maneira de construir”, como revela a estudiosa Milena Andreola de Souza em sua tese de mestrado “O Caso da Praça da Estação de Juiz de Fora”.

A construção da Estrada do Paraibuna, também conhecida como Estrada Nova, foi realizada em 1836 pelo engenheiro Henrique Halfeld para ligar a região ao litoral fluminense. Mais tarde, a mesma recebeu o nome de Avenida Barão do Rio Branco. Já a Estrada de Rodagem União Indústria, planejada por Mariano Procópio Ferreira Lage, contribuiu para o desenvolvimento dos transportes na região. Seu leito deu origem a outra avenida importante do centro da cidade, a Rua do Imperador, hoje Avenida Getúlio Vargas.

Já as estradas de ferro D. Pedro II e Leopoldina tiveram suas construções finalizadas em 1871, provocando desenvolvimento no comércio, indústria e agricultura. “A Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II, construída quatro anos mais tarde, delimitou a área de uma praça e definiu os usos e o parcelamento do solo. No triângulo formado pelas ruas Direita, do Imperador e Espírito Santo se concentrou toda a efervescência do comércio e indústrias, que implantaram-se ali pela proximidade com a estação”, ressalta a pesquisadora em sua tese.

O historiador Marcos Olender explicou que a região foi escolhida para a implantação das ferrovias porque ela era imediatamente periférica ao Centro da cidade. “Ali era uma região pantanosa e teve que ser feito um trabalho de desvio do leito do Rio Paraibuna para instalar as ferrovias. Na atual Rio Branco foram erguidos os primeiros casarões dos Barões do Café. Além disso, no entorno da Praça, sugiram também as primeiras fábricas. Já na década de 1910 e 1930 surgiram os hoteis Príncipe e São Luis”, ressaltou o Olender.

Entre todos eles, o Hotel Renascença é o mais antigo da cidade e completou 130 anos em maio deste ano. Nele, já se hospedaram os ex-presidentes Getúlio Vargas, Arthur Bernardes e Eurico Gaspar Dutra. O prédio, tombado, foi um dos locais históricos do município que, em 2016, recebeu o prêmio “Amigos do Patrimônio”, iniciativa promovida pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).

Também centenária, e perto de completar 121 anos em julho, é a Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora (ACEJF). “Ela foi a grande porta-voz dos empresários desde a sua fundação. É a segunda associação mais velha do Brasil e tem no seu escopo de negócios o fortalecimento do segmento empresarial na cidade e região”, ponderou João de Matos, Vice-presidente da ACEJF.

Matos ressaltou que, atualmente, a Associação conta com dez funcionários que trabalham de forma direta e mais de 100 parceiros. “Estamos sempre presentes nos ambientes de discussão, por meio de palestras e debates, relativos ao desenvolvimento da indústria e do comércio. É também, por meio de almoços empresariais, que novas relações surgem e onde a nossa rede de networking é fortalecida”, finalizou.




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