Desde o início do ano a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil e a Casa da Mulher têm registrado aumento nos casos envolvendo violência, estupro e abuso sexual contra a mulher que acontecem em Juiz de Fora. Entre as situações que chocaram mais recentemente, nesse fim de semana, foi registrado o caso de uma adolescente de 14 anos que foi sequestrada, mantida em cárcere privado por cerca de 20 horas e estuprada por dois indivíduos no bairro Barreira do Triunfo, na Zona Norte. A polícia está investigando a autoria do crime.
Também nesse fim de semana, uma garota de programa de 23 anos, foi estuprada pelo cliente que ameaçou esfaqueá-la caso não mantivesse relações sexuais com ele.
Em um terceiro crime, registrado na semana passada, um homem foi denunciado por manter um relacionamento com uma adolescente de 12 anos que, inclusive, está grávida do suspeito. Apesar de a vítima afirmar que a relação era consensual, o caso foi registrado como crime pelo fato de, aos olhos da justiça, a garota ainda não ser capaz de responder pelos seus atos. A ocorrência foi tratada como estupro de vulnerável.
Nos últimos cinco anos, a Casa da Mulher vem acolhendo e dando amparo para as vítimas desse tipo de crime. A instituição registra 9.311 atendimentos desde a sua abertura em 2013, número que vem aumentando ao longo dos anos. O crescimento nos atendimentos está relacionado aos crimes de agressão física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. Somente em 2017, a entidade atendeu a 818 ocorrências. São registrados agressão física, patrimonial e estupro. Segundo Maria Luiza de Oliveira, coordenadora da instituição, o índice foi alcançado devido ao aumento de denúncias. “As mulheres adquiriram mais coragem e mais confiança para denunciar. O que procuramos é fazer com que a vítima se sinta acolhida e acreditem na Casa da Mulher”, comentou.
PENSAMENTO MACHISTA
Para a coordenadora, os casos são motivados, sobretudo, pelas ideologias machistas que ainda permeiam a sociedade, por mais que envolvam outras causas. “Esses delitos ocorrem não é porque as mulheres são mais vulneráveis. Temos uma cultura machista. O homem julga-se superior, dono da mulher. Ele pratica os atos por um sentimento de superioridade”, destacou. “Através dos movimentos feministas, tentamos diminuir os efeitos dessa cultura machista. Na casa da mulher fazemos com que esse tipo de agressor seja punido”, completou.
Maria Luiza ressaltou, também, que a violência ocorre em todas as classes sociais e que a insegurança ainda impede as mulheres de denunciar. “Geralmente, as mulheres que pertencem a uma classe social mais alta não procuram a casa da mulher. Já nas classes mais baixas, elas não procuram por vergonha, por medo das consequências ao se expor”, explicou.
ATENDIMENTO À MULHER EM JUIZ DE FORA
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e a Casa da Mulher em Juiz de Fora funcionam na Rua Uruguaiana, número 94, no bairro Jardim Glória, ao lado do Bar do Léo.
O local atende a mulheres vítimas de violência doméstica e abusos. Os interessados podem contatar a Casa da Mulher pelo telefone (32) 3690-7262. A instituição está em funcionamento de segunda à sexta-feira, de 8h às 18h.