Neuropediatra avalia os riscos da exposição excessiva de crianças à tecnologia

De acordo com o último estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SPB) pesquisas científicas relatam que a tecnologia influencia comportamentos por meio do mundo digital, modificando hábitos desde a infância, que podem causar prejuízos e danos à saúde. Nesse sentido, o uso precoce e de longa duração de jogos online, redes sociais ou diversos aplicativos com filmes e vídeos na Internet pode causar dificuldades de socialização e conexão com outras pessoas e dificuldades escolares. “Do ponto de vista psicossocial, crianças que passam muito tempo reféns da tecnologia começam a se relacionar menos com a família e outras crianças da mesma idade. O relacionamento deixa de ser humano e interpessoal e passa a ser, na maior parte do tempo, virtual”, explica o neuropediatra Adriano Miranda.

A recente Lei nº 12.965 de 2014, que traz o Marco Civil da Internet no artigo 29º, aborda a necessidade do controle e vigilância dos pais e a educação digital, como formas de proteção frente às mudanças tecnológicas, em especial sobre os impactos provocados nas famílias e, especificamente, nas rotinas e vivências das crianças e dos adolescentes. Nesse sentido, o neuropediatra ressalta: “Os pais precisam arrumar tempo para os filhos, pois, muitas vezes, esse mergulho no mundo tecnológico que os jovens fazem é resultado dessa falta de contato diário. É preciso fortalecer o diálogo com os filhos todos os dias”, avalia o médico, acrescentando que os distúrbios do sono figuram entre os principais efeitos nocivos do contato excessivo com a tecnologia. “É muito comum o adolescente navegar na internet de madrugada. Quando o adolescente não dorme bem à noite, o rendimento escolar no dia seguinte fica comprometido”.

O Comitê Gestor da Internet (CGI) e o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade deInformação (Cetic.br), a TIC KIDS ONLINE-Brasil, realizaram, em 2015, entrevistas em 350 municípios das cinco regiões do Brasil. Foram selecionadas 3068 famílias em amostragem estratificada, com pais de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. A pesquisa apontou que do universo de 29.7 milhões de entrevistados nesta faixa etária, 23.7 milhões (ou 80%) são usuários da internet: 97% nas classes sociais A e B, 85% na classe C e 51% nas classes D e E. O uso diário é intenso e 66% acessam a Internet mais de uma vez ao dia. “Vale dizer que a grande febre atualmente são os jogos eletrônicos. Além da interferência drástica no convívio social, o jovem chega ao ponto de não se alimentar adequadamente, pois jogo gera um grande nível de dependência”, finaliza.

A Sociedade Brasileira de Pediatria estabelece as seguintes regras para o uso da tecnologia:
– Evitar a utilização antes dos 2 anos
– De 2 a 5 anos: Limitar a exposição no máximo a uma hora por dia
– Até os 6 anos: Ficar atento à violência virtual. (Jogos violentos não são apropriados em nenhuma idade).
– Até os 10 anos: Não é recomendado o uso de televisão ou computador nos quartos.
– Adolescentes: Evitar o isolamento nos quartos e estabelecer limites de horário, equilibrando horas online com atividades ao ar livre.




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