Juiz-foranos apontam falhas do transporte público de JF

Os problemas originados no transporte público, decorrentes das constantes trocas de linhas, horários e itinerários dos coletivos de Juiz de Fora, foram pauta da primeira Audiência Pública do 4º Período Legislativo na tarde dessa quarta-feira, 19, no Plenário da Câmara Municipal. A audiência, solicitada pelo vereador Cido Reis (PSB), contou com a presença de diversos representantes do Poder Público e também das associações de moradores, que trouxeram à tona diversas reclamações em relação aos coletivos, como a precariedade estrutural dos veículos, assaltos recorrentes, o excesso de velocidade praticado pelos motoristas e o congestionamento em horário de pico, que gera recorrentes atrasos nos horários a serem cumpridos pelas linhas.

O Secretário de Transporte e Trânsito da Prefeitura de Juiz de Fora, Rodrigo Tortoriello, diz que a questão do transporte público na cidade é difícil de ser equacionada. “O trânsito transformou-se em uma colcha de retalhos. As mudanças e ampliações das linhas foram sendo realizadas conforme a cidade foi crescendo. Atualmente, ao se resolver um problema em determinado ponto no trânsito, cria-se outro problema em outro lugar”, disse o secretário, ressaltando que mais de 80% do quadro de horários das linhas já foi reorganizado e que a oferta de ônibus hoje em dia é bem maior do que há dez anos atrás.

Tortoriello avalia que a situação de congestionamento na Avenida Getúlio Vargas, que reflete na Avenida Rio Branco, principais vias da cidade que ligam as diversas regiões, não tem como ser resolvida colocando mais ônibus nas vias, já que estes passariam no mesmo lugar. “O que dá pra fazer é minimizar o problema”, diz o secretário, apontando uma das soluções iniciais. “A Avenida Getúlio Vargas está sendo preparada para receber uma grande intervenção. Conseguimos recursos do governo federal e já estamos na fase de projeto, que depende, agora, da aprovação da Caixa Econômica Federal. Em breve poderemos dar início às obras de melhoria na infraestrutura, mas é necessário fazer algo bem estruturado para que os transtornos durante as obras não gerem um caos em um trecho tão sensível, como é o caso desta Avenida”, explicou.

A grande demanda por mais linhas e horários, no entanto, não pode ser ignorada. “Há reclamações de que o serviço de transporte público mudou demais e outras que dizem que não mudou nada. Isso, por si só, reflete um cenário de mudanças. Ainda temos 69 veículos novos [de acordo com a última licitação] para entrar em circulação”, defendeu Tortoriello.

ATRASOS X ALTA VELOCIDADE

Em resposta às reclamações de usuários presentes à reunião a respeito do excesso de velocidade de algumas linhas, principalmente em horários noturnos, o representante do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Juiz de Fora (Sinttro-JF), Vagner Evangelista Correa, defendeu que os trabalhadores acabam recorrendo à velocidade para minimizar os atrasos. “Muitas vezes o motorista tem que andar um pouco mais rápido, pois ele tem um horário para cumprir”.

Representantes das associações de bairro também questionaram a demora para o coletivo passar no ponto de ônibus, ocasionando um longo tempo de espera. “Sugerimos que a Settra, em conjunto com as empresas, faça um levantamento das linhas cujos horários o problema tem acontecido e forneça os dados para nós dos sindicatos. Desse modo, poderemos efetuar os ajustes necessários”, apontou Vagner.

VIOLÊNCIA NOS COLETIVOS

O vereador Cido Reis (PSB) demonstrou preocupação com o aumento dos casos de violência e assaltos dentro dos coletivos e propôs que a Casa pensasse urgentemente no debate do tema. “É preciso criar mecanismos que solucionem o problema da segurança”, disse o vereador, citando dados da violência e de acidentes com ônibus divulgados pela mídia local nos últimos meses.

O tema já foi colocado em pauta em outras oportunidades e, no princípio do ano, as autoridades decidiram por aumentar as ações de combate e prevenção aos roubos a coletivos. A Operação Ponto Final, deflagrada pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos (Derr) da Polícia Civil desde o início do ano, tem o objetivo de identificar, qualificar e prender os suspeitos desses crimes. Até o momento, pelo menos cinco pessoas já foram presas pela PC.




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