O TSUNAMI POLÍTICO BRASILEIRO

Como já era previsto, a divulgação das delações dos executivos da construtora Odebrecht pelo ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato, causou impacto, não só no mundo político (que já sabia das falcatruas), mas na sociedade, estarrecida com a profundidade das denúncias.

A riqueza de detalhes não deixa dúvidas no eleitor que terá a oportunidade de fazer um acerto de contas com parlamentares de sua preferência, nas eleições de 2018. As pessoas de bem esperam que não mais seja dada outra chance a políticos e partidos.

Não faz diferença o tempo que a justiça leve para julgar os acusados nem que pena lhes será imputada pelos crimes cometidos, está definitivamente comprometida a confiança que neles foi depositada, assim como em seus partidos.

É o melhor momento para se fazer a tal reforma política que, aliás, nunca foi tão necessária e urgente. Só que não há quem possa advogar essa causa, hoje, no esfacelado Congresso Nacional. Pelas propostas vê-se a má-fé. O eleitor terá que fazer a reforma pelas próprias mãos: no voto ou no não voto. É uma ideia que vem ganhando força a moralização da política através do eleitor livre de ideologias falsas e representação desonesta. Se confiou demais em quem mal se conhecia.

Passar o país a limpo pode começar pelas severas reformas. Não se recupera credibilidade, e isso quer dizer investimentos e empregos, só com conversa. Há uma conta para o povo pagar (o Rio de Janeiro é um exemplo disso. Só que, para o país melhorar, o povo tem que cobrar por isso depois. Não há a menor dúvida.

UNIÃO X ESTADOS

Em sessão, estrategicamente tumultuada pelos partidos de oposição, parlamentares, até mesmo da base aliada do governo, tentavam parecer preocupados com o bem-estar dos funcionários estaduais adiando a aprovação do projeto que prevê a ajuda da União aos estados em situação de calamidade financeira como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A preocupação real é com as próximas eleições e os votos que poderão conquistar em oposição a uma medida impopular.

E conseguiram empurrar para a próxima semana a votação. A oposição apresentou 15 modificações ao projeto original. Uma delas é um substitutivo que na verdade troca todo o texto por um alternativo feito pelo PT, contra todas as contrapartidas ou, obrigações dos estados para ter acesso aos benefícios como adiamento do pagamento das parcelas da dívida por três anos.

O adiamento para a próxima semana foi por falta de presença de deputados no plenário sendo que todos se encontravam na casa. Na verdade, o que se pretende é pressionar o congresso para regulamentar a lei Kandir, que obriga o governo a pagar aos estados a devolução do ICMS devido pela isenção dada às exportações de bens primários combinado desde o governo de Fernando Henrique Cardoso e engavetado pelos parlamentares para beneficiar governos anteriores.

Nenhum parlamentar quer ser responsabilizado pelo eleitor em 2018, por aprovar o projeto.

Já podia estar resolvido o problema de parcelamentos de salários dos servidores, só que o governo não vai perdoar dívida e repassar verba sem assinatura de compromisso de austeridade.

Mais de uma vez o ministro Meirelles disse que a União não causou a crise dos estados e não pode ser responsabilizada por desmandos administrativos que cada dia ficam mais visíveis a todos.




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