O palhaço carrega na bagagem uma coleção de sorrisos e afetos. No mundo dele não há dores ou dissabores que geralmente acometem os reles e pobres mortais. Talvez, para nós humanos, não seja possível viver sem encarar os desafios da selva de pedra. A vida humana é assim: varia de 8 a 80, numa escala de cores e sabores sem fim. Entretanto, olhar atentamente para um palhaço no picadeiro é alento necessário! Entrar em contato com a pureza e inocência daquele ser de roupas extravagantes e coloridas faz bem à alma, pois, assim, o ser humano consegue, por meio dele, olhar para dentro de si próprio. O Diário Regional traz esta reportagem especial em homenagem ao dia do circo no Brasil, comemorado na próxima segunda-feira, 27. 

A data comemorativa é também a data de nascimento de Abelardo Pinto, mais conhecido como Piolin. Denominado o “Rei dos Palhaços”, ele nasceu no ano de 1897, na cidade de Ribeirão Preto (SP) e faleceu em 4 de setembro de 1973. Em sua trajetória, destacou-se pela criatividade cômica e pela habilidade como ginasta e equilibrista.

NO BRASIL

No Brasil, a história do circo está intimamente ligada à trajetória dos ciganos, uma vez que, na Europa do século XVIII, eles eram perseguidos. Aqui, andando de cidade em cidade, e mais à vontade em suas tendas, aproveitavam as festas religiosas para exibirem sua destreza com os cavalos e seu talento ilusionista. Procuravam adaptar suas apresentações ao gosto do público de cada localidade e o que não agradava era imediatamente tirado do programa.

O circo, com suas características itinerantes, aparece no Brasil no final do século XIX. Instalando-se nas periferias das cidades, visava às classes populares e tinha no palhaço o seu principal personagem. O palhaço brasileiro, por sua vez, adquiriu características próprias. Ao contrário do europeu, que se comunicava mais pela mímica, o brasileiro era falante, malandro, conquistador e possuía dons musicais: cantava ou tocava instrumentos. Piolin, Arrelia, Chicarrão, Bozo, Atchim & Espirro e PatatiPatatá figuram entre os palhaços mais conhecidos no país. Vale ressaltar a notoriedade de Carequinha. Seu intérprete, George Savalla Gomes imprimiu uma autenticidade marcante no personagem. Isso lhe garantiu visibilidade em programas de televisão e rádio e gravação de discos.

REPRESENTANTES JUIZ-FORANOS DO RISO

Trombetinha, Palhaço Fuzil, Miloca, Rosquinha, Palhaço Sorriso, Marmelada, Pimentão, Palhaço Edy, Caravana Mezcla de Palhaços, Cia. Grão de circo, Dudu & Dadá, Bibi & Bobo, Palhaço JowJow, Palhaço Pipoquinha, estão entre os grandes mestres do riso em Juiz de Fora, incluindo Jamelão e Melancia, que comandam o projeto “Escola de Circo Carequinha” no bairro Caiçaras. E, no bairro São Mateus, há a Escola de Circo Amplitud, sob direção da Palhaça Magrela.

Os palhaços do município também exercem uma função importantíssima dentro da sociedade. Como exemplo, há os Doutores do Amor, os Médicos do Barulho e os Doutores Maluketes que executam suas performances dentro dos hospitais, creches e asilos.

EDUCANDO E ENTRETENDO COM FUXICO E XAVECO

Seguindo os passos do mestre Carequinha, a dupla juiz-forana Fuxico e Xaveco busca aliar em suas performances entretenimento e educação. De forma lúdica, eles buscam despertar nas crianças princípios básicos como socialização, amizade, respeito ao próximo, higiene pessoal, cuidados com a saúde, preservação da natureza e do meio ambiente. Formada em 2012, a dupla apresentou a primeira temporada do Programa Fuxico e Xaveco na TVE de junho a dezembro de 2016 e a segunda temporada estreou no dia 18. Atualmente, a atração vai ao ar todo sábado, às 13h30, e domingo, às 11h30, com duração de 30 minutos.

Em abril de 2013, a dupla foi considerada como a melhor iniciativa no combate à dengue por meio da música “Epidemia da alegria” no programa DENGUEMOB, do Governo do Estado de Minas Gerais. Em maio de 2014 receberam uma Moção de Aplauso com aprovação no Plenário da Câmara Municipal de Juiz de Fora pela qualidade dos serviços prestados à comunidade. E, em 2016, foram contemplados com o 12º Prêmio Personalidades JF, concedido pelo colunista Leo Peixoto, pelo grande destaque na mídia. A trajetória dos palhaços inclui shows em exposições, festas particulares, projetos em escolas e teatros e participações em outros diversos eventos da cidade e região.

OS PRIMÓRDIOS DO CIRCO PELO MUNDO

Não é possível determinar a data específica de quando ou como as práticas circenses começaram, mas especula-se que elas tiveram início na China, onde foram encontradas pinturas de cinco mil anos, com figuras de acrobatas, contorcionistas e equilibristas.

No ano 108 a.C aconteceu uma expressiva celebração para dar as boas-vindas a estrangeiros recém-chegados em terras chinesas. Na festa, houve demonstrações geniais de acrobacias. A partir de então, o imperador ordenou que sempre fossem realizados eventos desse tipo pelo menos uma vez ao ano.
No Egito há registros de pinturas de malabaristas. Na Índia, o contorcionismo e o salto são partes integrantes dos espetáculos sagrados. Na Grécia, a contorção era uma modalidade olímpica, enquanto os sátiros já faziam o povo rir, numa espécie de precursão aos palhaços.




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