Relatos urbanos que construíram a tragicomédia “Zé do Mundo”

Fabricio Sereno. Ele já foi um dia uma criança de nove anos que, como particularidade, tinha, nessa época, o hábito de fixar os olhos nos excluídos sociais; pessoas à margem da sociedade. Quais histórias poderiam ser reveladas por trás das roupas rasgadas e dos cenários de abandono? A curiosidade e inquietação perseguiram Fabrício até a fase adulta da vida. Hoje, aos 41 anos, ele coloca nos palcos o espetáculo e monólogo “Zé do Mundo”, um arauto dos moradores de rua, cujas histórias de vida vão do doce ao amargo. A peça, financiada pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas de Gerais, será apresentada nos dias 25 e 26 de março, às 20h30, no espaço de cultura e arte OAndarDeBaixo (Rua Floriano Peixoto, 37, Centro).

“O Zé surgiu de uma pesquisa que fiz com moradores de rua em Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Viçosa e também na cidade onde moro, Ubá. Aí tive a ideia de criar um personagem que representasse a coletividade de excluídos da sociedade”, explica Fabricio Sereno, que, além de dar voz ao protagonista, assina a criação do roteiro. “Tenho curiosidade, desde que era pequeno, sobre a vida das pessoas em situação de rua. Essas figuras sempre me chamaram atenção. Durante o processo de pesquisa, busquei entender o motivo deles estarem naquela situação”.

Com 75 minutos de duração, e empregando na construção da narrativa as características da literatura de cordel, o intérprete de Zé fala das saudades que sente, da vida, da morte e do amor. Ao abrir o coração em um diálogo íntimo com o público, o personagem fala, por exemplo, de quando nasceu e de uma namorada perdida. “Isso tudo é apenas uma primeira camada”, conta Fabricio, revelando que relatos trágicos ganham força do decorrer da história.

De extremamente doces a extremamente amargas, as revelações de Zé se misturam com a esperança. “Apesar de tudo, ele tem o olhar do palhaço e consegue enxergar o lado bom da vida”. Zé é a junção de amores e dissabores, alguém multifacetado! Dentro dele, uma infinidade de outros “Zés”, abrigados em marquises por aí ou, ainda, em tantos outros lugares (sempre ao relento) nos quais a sociedade não os vê.

Fabricio Sereno é formado em Licenciatura e Educação Artística e tem no currículo mais de 30 peças, nas quais trabalhou não só como ator, mas em outras funções, como direção e produção. “Zé do Mundo”, seu mais recente trabalho, tem direção de Mariana Rabelo, figurino de Olga Travagini e direção musical de Celso Moreira.

Os ingressos antecipados estão à venda por R$10 no Salão Scisso (Rua São Mateus, 458) e no Café Flux (Galeria Pio X, loja 127, Centro). As entradas também poderão ser adquiridas nos dias das apresentações por R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada).

 


Fonte: Colaboração estagiário Bruno Luis Barros




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