Livro – A Verdade Vol.9

Recebamos a Sabedoria de Deus
u afirmei que a verdadeira felicidade não pode ser conseguida através de “técnicas e artifícios”. Mas não quis, com isso, dizer que podemos deixar de nos empenhar “feno- I menicamente” neste mundo fenoménico. O essencial é que o nosso empenho no mundo fenoménico, orientado pela sabedoria proveniente do “mundo do Jisso”, passe a ser “esforço espontâneo” que emane naturalmente, como um processo para “revelar fenomenicamente” o aspecto perfeito do “mundo do Jisso”. Não há coisa mais estúpida do que os “artifícios humanos” destituídos da sabedoria proveniente do mundo do Jisso. Tais artifícios, apesar de parecerem “idéias brilhantes”, acabam malogrando. Os nossos esforços devem deixar de ser esforços improvisados pelo pequeno eu, para se transformarem em esforços orientados pela sabedoria divina que chega até nós por meio do “canal” que nos liga a Deus. Em outras palavras, precisam ser “trabalhos” que se processem naturalmente, segundo os planos de Deus, e não segundo os projetos do eu fenoménico. Por isso, antes de iniciarmos o trabalho ou o estudo, devemos receber a capacidade e a sabedoria divinas através de uma breve oração.

A parábola do menino que regava o jardim
Certo dia, um menino e o pai estavam cuidando do jardim. O menino ligou a mangueira à torneira e começou a regar as plantas. Ele estava feliz da vida, pois gostava muito de fazer isso. Mas, de repente, a água parou de sair. “Ei. pai I – gritou o menino – Não está saindo água da mangueira!”. I Virando-se, o pai olhou para a mangueira e constatou que o , filho estava com o pé direito sobre ela. “É claro que a água não sai, filho. Você está pisando na manqueira !” “É mes-‘ mo … “, disse o menino, e levantou o pé direito que estava sobre a mangueira. A água voltou a jorrar abundantemente. Alguns instantes depois, o menino gritou novamente: “Pai, a dgua parou de sair outra vez! E eu não estou pisando na mangueira.” O pai olhou e constatou que novamente o menino estava pisando a mangueira, só que desta vez ele o fazia corn o pé esquerdo.
Se a “provisão inesgotável” fornecida por Deus cessa de “fluir” em sua vida cotidiana, é porque você está agindo exatamente como esse menino – ou seja, você mesmo está impedindo a vinda da “provisão”.

A verdadeira sabedoria surge da “mente em seu estado natural”, livre de apegos
Vejamos o que nos ensina a parábola acima: A água que vem da torneira corresponde à “provisão inesgotável que vem de Deus”, e a flexível mangueira de borracha corresponde ao espírito brando que aceita plenamente todas as coisas. Enquanto conservamos essa brandura, esse espírito de “aceitação”, a “provisão de Deus” chega por si mesma, ininterruptamente. Porém, quando começa a pesar em nosso espírito o fardo do apego oriundo do nosso ego, vamos-nos inclinando, sem o perceber, para o lado do arbítrio humano e cabamos obstruindo completamente o “canal” por onde passa a “provisão inesgotável”. No Japão, costuma-se dizer que “numa partida de go (modalidade de jogo sobre um I.buleiroi, é o espectador quem costuma ter a visão mais clara do jogo.” A pessoa que está jogando deseja sair vitoriosa, e isso faz com que o “fardo” dessa obsessão pese sobre a ” mangueira” que conduz a “provisão inesgotável da sabedoria Divina” e o jogador acaba efetuando um péssimo lance.




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