O Banco Central vai limitar o uso do rotativo do cartão de crédito a até 30 dias a partir de abril. O governo espera reduzir as taxas do rotativo com as regras anunciadas na quinta-feira, 26.
Com a medida, se o consumidor não pagar o valor total da fatura do cartão em um mês, os juros do rotativo só poderão ser cobrados até o vencimento da fatura seguinte. Após esse prazo, o banco poderá apresentar uma proposta de parcelamento para o cliente.
Os bancos têm até o dia 3 de abril para implementar a medida. Atualmente, a cobrança de juros do rotativo é feita mês a mês, sucessivamente, com a aplicação de juros sobre juros na dívida.
Para o diretor-executivo da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade – Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, na prática a medida vai depender da taxa de juros e do prazo que os bancos cobrarem para os parcelamentos oferecidos. Para o especialista, o governo espera que os juros caiam para 7% ou 8%. “O prazo para o parcelamento precisa ser longo, mais que 12 meses. Precisamos ver como o mercado vai se comportar”.
Taxas do rotativo poderão cair
As novas regras para cobrança de dívidas do cartão estabelecidas pelo Banco Central vai trazer mudanças que impactam diretamente o consumidor.
O que muda
Se o consumidor não pagar o valor total devido, após um mês, o banco poderá apresentar uma proposta de parcelamento dessa dívida com condições mais vantajosas para o cliente;
Prazo
Os bancos e as instituições financeiras têm até 3 de abril para se adequar às novas regras;
Segundo o órgão, os bancos não serão obrigados a segui-las.
Como é atualmente
O consumidor que não consegue pagar a conta do cartão de crédito ou paga apenas o valor mínimo da fatura, na maioria das vezes, deixa que a dívida se acumule;
Na maioria das vezes, ele fica endividado.
Rotativo
Se o consumidor paga só uma parte do valor devido, ou seja, a fatura mínima, o restante é jogado para o mês seguinte, com cobrança de juros altíssimos;
Isso acontece sucessivamente, com a cobrança de juros sobre juros, de modo que a dívida acaba virando uma bola de neve.
Taxas recordes
Em dezembro de 2016, por exemplo, os juros médios do cartão de crédito rotativo alcançaram 484,6% ao ano;
O valor é recorde na série histórica do Banco Central, iniciada em março de 2011.
Exemplo
Uma dívida de R$3 mil no cartão de crédito, com taxa de juros de 14% ao mês;
O cliente pagou apenas 10% da fatura no período de um ano;
Ao fim dos 12 meses, o consumidor terá pagado uma soma de R$4.162,12.
Porém, sua dívida estará mais alta do que no começo, em R$3.580,84 (já descontada a 12ª parcela).
Cuidado
Especialistas recomendam a substituição da dívida do cartão por um financiamento com juros menores para quitá-la integralmente;
Um exemplo é o crédito consignado, que tem juros menores.