A palavra “homologia” designa a semelhança de partes ou estruturas entre organismos. O braço humano, a nadadeira da baleia e a asa do morcego, por exemplo, compartilham um padrão estrutural básico. No século XIX, Charles Darwin interpretou essas semelhanças como indicativo de ancestralidade comum: estruturas parecidas seriam vestígios de órgãos herdados de um antepassado compartilhado e modificados pela seleção natural ao longo do tempo. Essa interpretação é até hoje usada como prova inequívoca de filiação histórica. Homologia é um fato; porém, a sua explicação causal exige cautela.
Soluções semelhantes surgem onde se enfrentam problemas semelhantes. Em engenharia, estruturas destinadas às mesmas funções frequentemente convergem para arranjos semelhantes por razões de física, materiais e eficiência. Na natureza, restrições ambientais impõem limites: certas formas e articulações são simplesmente adequadas para nadar, voar, agarrar ou sustentar peso. Assim, semelhanças podem refletir respostas análogas a desafios funcionais, não apenas um passado comum. Além disso, projetistas humanos reutilizam componentes e padrões. Por exemplo, fabricantes automobilísticos empregam a mesma plataforma para modelos distintos; arquitetos repetem elementos estéticos e estruturais em obras diferentes. A semelhança entre um carro da década de 1950 com um modelo atual não implica em descendência, mas na evidência de que ambos foram criados por mentes inteligentes. Pois o hábito de reaproveitamento facilita a manutenção, reduz custos e preserva soluções testadas.
A presença de um padrão comum em organismos indica algo análogo: a aplicação recorrente de módulos e princípios de projeto por um mesmo agente ou método, em vez de ser necessariamente a marca de um processo histórico de modificação gradativa.
Na lógica forense, a inferência de autoria não se apoia apenas na semelhança: contexto, marcas específicas e história contam tanto quanto o traço observado. Dois quadros parecidos podem decorrer do mesmo pintor, de uma escola com técnicas comuns ou de artistas distintos que aprenderam a mesma técnica. Do mesmo modo, estruturas biológicas parecidas podem resultar da reutilização deliberada de soluções por um projetista aplicadas a criações distintas. A homologia, portanto, não é um diagnóstico conclusivo da evolução, pois é tanto compatível com explicações darwinistas quanto aquelas que apontam para o Criador.
A resolução da polêmica se fomos criados ou se somos resultado de processos naturais caóticos exigirá outros dados para que se aceite definitivamente uma das duas inferências. Pois é bem provável que a repetição de padrões entre organismos pode muito bem ser a assinatura de um mesmo Criador que reutiliza módulos eficientes e adapta técnicas a fins diversos.