Segundo informações do site da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), no dia em que o golpe de estado que instaurou a ditadura militar no Brasil em 1964 completou 60 anos, Juiz de Fora recebeu entidades, líderes sindicais, ativistas políticos e familiares de pessoas que lutaram pela democracia no período. Na tarde desta segunda-feira, 1º, a Praça Antônio Carlos foi o ponto de encontro da “Marcha da Democracia”, onde os quase 180 quilômetros que separam Rio de Janeiro e Juiz de Fora foram percorridos na marcha reversa da que então o general Mourão Filho fez na madrugada de 1º de abril de 1964 com destino à capital fluminense. A viagem teve início na Cinelândia e contou com duas paradas simbólicas, em Petrópolis e na divisa dos estados de Minas e Rio de Janeiro (Levy Gasparian), onde houve um ato pela democracia e pela paz.
Antes das 16h, já era possível perceber a movimentação das caravanas que desembarcavam no centro de Juiz de Fora. O ato teve o intuito de homenagear as pessoas que, na ditadura, lutaram pela democracia e lembrar a história para que o episódio não se repita. A prefeita Margarida Salomão saudou todos os presentes, ressaltando que a Marcha da Democracia é um movimento precioso da sociedade.”Ela não reverte os acontecimentos que levaram à longa noite que durou 21 anos da história, mas é a oportunidade que temos para rememorar. João Goulart foi o presidente que sancionou a lei do 13º salário, devemos reconhecer essa grandeza onde mesmo em condições tão adversas, ele foi capaz de liderar o Brasil na direção de uma sociedade mais justa. Que sejamos capazes de fazer essa revisão do nosso passado diante das profundas necessidades do presente”, comentou.
O filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart, foi o representante de todas as famílias presentes no encontro, inclusive a dos quatro vereadores cassados na Câmara Municipal de Juiz de Fora no período. Para ele, a resistência é fundamental. “A libertação da nossa Pátria deve-se ao sangue de todos aqueles que tombaram no caminho da democracia. Temos o dever de transmitir às novas gerações o que aconteceu em 1964. O nosso país não pode aturar ameaças de ditadores. Obrigado, Juiz de Fora, por dar esse exemplo ao Brasil todo. Após 60 anos, não retardaremos a memória daqueles que lutaram pela pátria. A união deve ser por uma sociedade mais justa e igualitária”, pontuou.
A deputada federal Ana Pimentel reforçou a esperança pelo futuro. “Nós podemos construir um outro país,que acena para a construção daquele dos nossos sonhos, que é um país de justiça, de liberdade. Que as mulheres, os negros, a população LGBTQIA+ possa viver com dignidade, sem fome, sem miséria”. Sua fala foi complementada pelo deputado estadual Betão. “A cada golpe que é dado aqui contra a classe trabalhadora brasileira, são retirados direitos dos trabalhadores. Para a gente poder evitar isso, é punição aos generais e ditadura nunca mais!”
“Nos 170 anos do nosso legislativo não houve violência maior do que foi a cassação dos vereadores. Golpe nunca mais”, destacou o presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, José Márcio Garotinho.
Os representantes das famílias do vereador Peralva Miranda Delgado, vereador Jair Reihn, vereador Francisco Pinheiro, Raimundo Nonato Lopes dos Santos, José Moreira Lanna, Adalberto Landau, Ney Jacinto Pereira, Luiz Alberto Gomes de Souza e Clodesmidt Riani receberam da prefeita Margarida Salomão o documento “Ato de Desagravo”.
Também relembraram parte da história a presidente da Comissão da Memória e Verdade de Juiz de Fora, Helena Mota; a reitora eleita da Universidade Federal de Juiz de Fora, Girlene Alves; o assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Nilmário Miranda; o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Octávio Costa; a deputada estadual Marina; e o deputado federal Reimont Luiz Otoni.