Três teorias sobre o significado da Cruz

Ao longo da história surgiram diferentes interpretações sobre o ato salvífico de Jesus Cristo. Três delas são paradigmáticas:

A teoria do Resgate defendida por muitos no início da Idade Média e que tem como um de seus mais célebres adeptos Gregório de Nissa. A teoria da Satisfação desenvolvida por Anselmo da Cantuária no livro Por Que Deus Tornou-se Homem já no século XII, portanto, no contexto escolástico. E, por fim, a teoria da Demonstração Moral defendida pelo filósofo Abelardo, segundo a qual o mais importante da cruz é o fato de representar o amor de Deus pela humanidade.

 

Interessante que as três, via de regra, são defendidas negando-se mutuamente, porém, parece-me que cada qual corresponde a uma face do mesmo ato tão válida quanto às demais.

 

É como se a mesma cruz fosse observada por ângulos diferentes, ou seja, cada qual contempla a mesma cruz de um ponto de vista distinto, com seus tons e sombras peculiares.

 

Não defendo essa tese por voluntarismo conciliatório ou mera boa vontade, mas por perceber que as três se evidenciam em um único trecho da Carta aos Romanos escrita pelo apóstolo Paulo, a saber os versos 3.24 em diante.

 

Romanos 3: 24. sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, 25. ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; 26. para demonstraçãoda sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. – Bíblia ARC

 

As três palavras destacadas merecem atenção, pois cada uma delas embasa uma das três teorias acerca da cruz. Primeiro temos a palavra “propiciação”. A propiciação é um termo teológico que se refere ao ato de apaziguar, reconciliar ou satisfazer a ira de Deus por meio de um sacrifício. No contexto de Romanos 3, a propiciação é mencionada para explicar como Deus demonstrou sua justiça ao oferecer Jesus Cristo como sacrifício pelos pecados da humanidade. Ao morrer na cruz, o Filho de Deus tornou-se a propiciação pelos nossos pecados, satisfazendo assim a justiça de Deus e proporcionando o perdão e a reconciliação com Ele.

 

“Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10: 45).

 

A segunda palavra é “redenção”. No contexto de Romanos 3, a redenção refere-se ao ato de resgatar ou libertar alguém por meio do pagamento de um preço. Através da cruz, Jesus proporcionou a redenção da humanidade, libertando-a do poder do pecado e da condenação. A consequência é a mesma: Deus providenciou uma maneira de reconciliar a humanidade consigo mesmo, através do sacrifício de seu Filho que, neste caso, comprou a liberdade da humanidade.

 

“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15: 3).

 

Por fim, a palavra “demonstrar” ou “demonstração” refere-se ao ato de mostrar ou evidenciar a justiça de Deus. O apóstolo Paulo faz referência à demonstração da justiça de Deus por meio da morte de Jesus Cristo na cruz. Ao oferecer Jesus como sacrifício pelos pecados da humanidade, Deus estava demonstrando o seu caráter amoroso e misericordioso, que se entrega para nos proporcionar perdão e salvação. A morte de Cristo é a demonstração suprema do amor de Deus para com a humanidade.

 

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3: 16).

 

Não há que se falar em teorias excludentes, na verdade Jesus Cristo realizou a obra salvífica de maneira completa e definitiva. Ele foi o preço do resgate, Ele comprou a humanidade para devolvê-la a Deus e demonstrou o amor sublime do Pai, mesmo que não o merecêssemos.

 

 

 




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