Duas opções e suas consequências

Uma importante parte da vida cristã é a confissão de pecados: “Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração (Tiago 4: 8).

Neste artigo meditaremos sobre três exemplos bíblicos: de duas pessoas que tentaram esconder seus erros e, por isso, sofreram as consequências e de uma outra que se arrependeu, confessou o seu pecado e recebeu misericórdia.

O primeiro caso foi Adão que, como bem sabemos, desobedeceu à expressa ordem de Deus para que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16,17; 3.1-7) . Quando confrontado, veja como ele respondeu ao Senhor: “Disse o homem: ‘Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi’” (Gênesis 3: 12).

Ou seja, ao invés de assumir sua responsabilidade, se arrepender e confessar o seu pecado, colocou a culpa em Eva. O resultado nós bem conhecemos: “Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado” (Gênesis 3: 23).

O segundo caso é o do rei Saul, que já vinha se afastando de Deus e tomando decisões duvidosas (1Sa 8-13; 14.24). Até que houve um episódio no qual o Senhor havia ordenado que aniquilasse os Amalequitas e não ficasse com nenhum espólio de guerra (1Sa 15.1-3), porém, diferentemente, aquele rei poupou o rei inimigo e tomou para si diversos despojos:

“Mas Saul e o exército pouparam Agague e o melhor das ovelhas e dos bois, os bezerros gordos e os cordeiros. Pouparam tudo que era bom, mas a tudo que era desprezível e inútil destruíram por completo” (1 Samuel 15: 9).

Porém, pior do que errar, foi a maneira como Saul, primeiro, buscou esconder a desobediência: “Quando Samuel o encontrou, Saul disse: ‘O Senhor o abençoe! Segui as instruções do Senhor’” (1 Samuel 15: 13).

E tendo sido desmascarado:

“Samuel, porém, perguntou: ‘Então que balido de ovelhas é esse que ouço com meus próprios ouvidos? Que mugido de bois é esse que estou ouvindo?’” (1 Samuel 15: 14).

Tentou dar “justificativas” ao invés de se arrepender e confessar o erro:

“Disse Saul: ‘Mas eu obedeci ao Senhor! Cumpri a missão que o Senhor me designou. Trouxe Agague, o rei dos amalequitas, mas exterminei os amalequitas. Os soldados tomaram ovelhas e bois do despojo, o melhor do que estava consagrado a Deus para destruição, a fim de os sacrificarem ao Senhor seu Deus, em Gilgal’” (1 Samuel 15: 20, 21).

O resultado da mentira e dos repetidos ardis foi a perda da bênção:

“Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei” (1 Samuel 15: 20).

Quando Saul percebeu o mal que fez, ainda tentou mostrar arrependimento:

“’Pequei’, disse Saul. ‘Violei a ordem do Senhor e as instruções que você me deu. Tive medo dos soldados e lhes atendi. 25. Agora eu lhe imploro, perdoe o meu pecado e volte comigo, para que eu adore o Senhor’” (1 Samuel 15: 24).

Perceba que em sua inútil tentativa de demonstrar arrependimento encobriu seu desejo cobiçoso alegando ser “medo dos soldados”. O Senhor que sonda os nossos corações e sabe da intenção de nossos espíritos (Rm 8.27), não cai em engodos e sabia que não havia sinceridade no rei: “Samuel, contudo, lhe disse: ‘Não voltarei com você. Você rejeitou a palavra do Senhor, e o Senhor o rejeitou como rei de Israel!’”(1 Samuel 15: 26).

Devemos aprender com estes dois exemplos que: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28: 13).

Dando sequência aos três exemplos bíblicos, agora vejamos o terceiro deles, o bom: “’O tempo é chegado’, dizia ele. ‘O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!’ ” (Marcos 1: 15).

Davi cometeu adultério com Bate-Seba, enviou seu marido à morte e, em seguida, tomou-a como esposa (2 Sa 11). Por causa desses pecados, o Senhor enviou o seu profeta Natã com a seguinte repreensão contra o rei:

“Por que você desprezou a palavra do Senhor, fazendo o que ele reprova? Você matou Urias, o hitita, com a espada dos amonitas e ficou com a mulher dele” (2 Samuel 12: 9).

Se Davi fosse como a maioria, talvez buscasse negar ou se justificar, mas como um homem verdadeiramente temente a Deus ele se arrependeu  reconhecendo o mal que fez e pediu perdão: “Então Davi disse a Natã: ‘Pequei contra o Senhor!’”(2 Samuel 12: 13a).

Em função desse episódio, o rei compôs o Salmo 51, uma oração de arrependimento sincero:

“Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue.Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei” (Salmos 51: 3-7).

O próprio Davi havia sentenciado o ato que cometeu como digno de morte (2 Samuel 12: 5). Porém, Deus que sabe da sinceridade das nossas intenções, não o condenou nesta pena, apenas o perdoou: “E Natã respondeu: ‘O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá’ (2 Samuel 12: 13b).

Com os exemplos que as Escrituras nos fornece, aprendemos que todos nós estamos sujeitos a pecar: “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 João 1: 8).

Portanto, o que importa é reconhecer o mal, se arrepender, confessar a Deus e a quem houver sofrido o dano (reparando-o quando possível) e, especialmente, se esforçar para não voltar a cometer o pecado arrependido: “vai-te, e não peques mais” (João 8: 11b).

Fazendo assim, esqueça a culpa, e tenha a convicção de que não é necessário ficar se remoendo, pois o Senhor já perdoou: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1: 9).




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