Pesquisas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Embrapa Arroz e Feijão resultaram no desenvolvimento de quatro novas cultivares de feijão. A partir do convênio, firmado para proporcionar a melhoria da qualidade do parque feijoeiro de Minas Gerais, foram criadas plantas mais resistentes a patógenos e compatíveis com as demandas dos produtores e consumidores mineiros.
A previsão é que as sementes das cultivares BRSMG Amuleto (grãos tipo carioca), BRSMG Marte (grãos vermelhos), BRSMG Zape (grãos tipo carioca) e BRSMG Uai (grãos tipo carioca) estejam disponíveis no mercado nos próximos anos.
De acordo com o pesquisador da Epamig, Fábio Aurélio Martins, a ideia das pesquisas em conjunto surgiu da necessidade de concentrar esforços, antes realizados separadamente, de modo a agilizar o processo de recomendação de cultivares de feijão em Minas.
“O melhoramento genético de feijão busca avanços constantes, com plantas mais produtivas, resistentes a doenças e com melhor qualidade de grãos. Na atualidade, há uma grande demanda dos produtores por cultivares de porte ereto e grãos com bom aspecto comercial. Nosso objetivo é disponibilizar para esses produtores cultivares de feijão com estas e outras características de interesse”, destaca Fábio Aurélio.
BRSMG Amuleto
O feijão carioca é o tipo comercial mais produzido e comercializado no Brasil. A cultivar BRSMG Amuleto, de grãos do tipo carioca, é proveniente do 12º ciclo de seleção recorrente do programa de melhoramento da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e, junto a outras linhagens e algumas cultivares comerciais, foi avaliada nos ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) no período de 2016 a 2018 pela Epamig, UFV, UFLA e Embrapa Arroz e Feijão.
Fábio Aurélio destaca que a avaliação de novas linhagens nos ensaios VCU é uma exigência do Ministério da Agricultura para se recomendar uma nova cultivar de feijão. O pesquisador explica que os ensaios são realizados em comparação com diversas linhagens de testemunhas, além de cultivares já utilizadas e consagradas nas mesas dos consumidores.
No total, os ensaios de VCU com a cultivar BRSMG Amuleto foram conduzidos em 47 ambientes nos estados de Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Espírito Santo, Goiás e também no Distrito Federal. A cultivar se destaca em quesitos como potencial de produção e aspecto comercial dos grãos.
BRSMG Marte
A cultivar BRSMG Marte é proveniente de uma seleção de Linha Pura na linhagem SER 198, introduzida pela UFV a partir do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), localizado na Colômbia.
Vale destacar que a linhagem possui grãos vermelhos brilhantes, semelhantes aos feijões vermelhos cultivados na Zona da Mata mineira, além de resistência à mancha-angular e arquitetura ereta da planta. Segundo o melhorista da Embrapa Arroz e Feijão, Leonardo Melo, o porte ereto é uma característica importante quando se trata de colheita mecânica.
De 2016 a 2018, a cultivar BRSMG Marte foi avaliada nos ensaios de VCU pelas instituições que compõem o Convênio de Minas. No total, 42 experimentos foram contabilizados em ambientes distintos como Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Espírito Santo, Goiás e no Distrito Federal.
BRSMG Zape
A cultivar BRSMG Zape, de grãos tipo carioca, é originária do segundo ciclo de Seleção Recorrente do programa de melhoramento da UFV. Em um primeiro momento, os experimentos ocorreram nos municípios de Viçosa e Coimbra (MG). Nas avaliações preliminares, foram destacados pontos positivos como potencial de produção, aspecto comercial dos grãos e resistência à murcha-de-fusário.
De 2013 a 2015, a cultivar foi avaliada junto a outras linhagens e cultivares testemunhas, nos ensaios de VCU. Os experimentos foram conduzidos pela Epamig, UFLA, UFV e Embrapa Arroz e Feijão em 47 ambientes em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Espírito Santo, Goiás e no Distrito Federal.
BRSMG Uai
Os trabalhos para obtenção e avaliação da cultivar BRSMG Uai foram iniciados em 2001. A cultivar foi obtida pelo método de hibridação em um programa de Seleção Recorrente com foco em grãos tipo carioca, com arquitetura ereta de planta e boa produtividade.
Nas avaliações da arquitetura da planta e tolerância ao acamamento, por meio de escala de notas, a cultivar BRSMG Uai apresentou desempenho superior ao da cultivar BRS Estilo, que também dispõe de planta com arquitetura ereta e já é recomendada e bem aceita para cultivo no Brasil. Por apresentar plantas e vagens mais altas em relação ao solo, a BRSMG Uai é adaptada à colheita mecânica direta, o que proporciona menores perdas durante o processo.
Em casa de vegetação, a cultivar apresentou resistência às raças 65, 73, 81 e 89 de antracnose, as mais frequentemente encontradas em lavouras de feijão de todo o país. Também em condições controladas, apresentou resistência ao vírus do mosaico comum. Já nas avaliações realizadas em campo, a cultivar foi suscetível à mancha-angular, e sob condições de alta infestação, apresentou resistência moderada à murcha-de-fusário.
Disponibilidade de sementes
As sementes das cultivares BRSMG Amuleto, BRSMG Marte e BRSMG Zape ainda não estão disponíveis no mercado. Segundo informações das instituições que compõem o Convênio, a previsão é que haja disponibilidade de sementes a partir de 2023.
Além disso, estima-se a produção de 12 toneladas de sementes básicas da cultivar BRSMG Uai, em parceria com a Sementes JHS. O próximo passo será licenciar produtores de sementes certificadas e fazer o lançamento comercial da cultivar. Esses processos finais serão realizados em conjunto pela Epamig, UFV, UFLA e Embrapa.
A Epamig comercializa sementes de outras cultivares de feijão e demais produtos agropecuários. Os contatos para aquisição e mais informações são asagro@epamig.br, (31) 99564-0855. A empresa é uma vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Fonte: Agência Minas