Na manhã desta quarta-feira (10), o coordenador do grupo de trabalho de infraestrutura urbana da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Júlio Teixeira, participou de um debate na Câmara Municipal sobre soluções de drenagem de águas pluviais. O encontro foi proposto pela Comissão de Urbanismo, Transporte, Meio Ambiente e Acessibilidade da Casa e teve como objetivo discutir ações sustentáveis para minimizar os transtornos causados pelas chuvas na cidade.
Abrindo os trabalhos, Júlio apresentou um breve histórico da drenagem urbana. “Inicialmente, as águas pluviais e o esgoto eram reunidos em uma única tubulação. Isso causava uma série de transtornos, incluindo rompimentos, devido ao volume das chuvas. O processo de separação dessas redes surgiu apenas em 1889, nos Estados Unidos, e chegou ao Brasil em 1912”, relembrou.
No âmbito municipal, o coordenador destacou que Juiz de Fora sofreu grandes enchentes em 1906 e 1940, causadas pela cheia do Rio Paraibuna. “Foram ocorrências como essas que motivaram a construção das represas de Chapéu dUvas e Doutor João Penido, que passaram a atuar no controle do nível do rio”.
Hoje, segundo Júlio, os bairros Industrial, Santa Luzia, Democrata e Mariano Procópio são os mais afetados pelas chuvas, em virtude das cheias dos córregos Humaitá, Ipiranga e São Pedro, respectivamente. “Estamos realizando estudos nesses locais para propor soluções baseadas em suas particularidades. Em certas comunidades, temos construções abaixo do nível do rio. Em outras áreas, há a presença de linhas férreas ou córregos canalizados, que acabam agravando a incidência das enchentes, pois reduzem a largura dos cursos de água pela metade”.
Soluções
Como solução parcial para este cenário, Júlio propôs a construção de bacias de retenção ao longo do curso desses córregos, para absorver a água das chuvas. “Juiz de Fora conta hoje com nove mil bueiros. Para chegarmos a um estágio ideal, precisamos de recursos na ordem de R$ 680 milhões, pois obras de drenagem são caras. Por isso, são necessárias também ações complementares como a criação de um órgão gestor, o estabelecimento de uma fonte de renda e a criação de uma lei municipal que discipline o setor, evitando intervenções de canalização, entre outras”, avaliou.
A engenheira civil e especialista em infraestruturas sustentáveis, Beatriz Codas, destacou que a ocupação irregular do solo vem tornando os municípios lugares desagradáveis, causando enchentes, estiagens, poluição e ilhas de calor. “Acreditamos que a solução é reintroduzir a natureza nas cidades, pensando as intervenções sobretudo de forma micro. Se cada lote também for proativo nessa questão, cobriremos cerca de 60% das cidades. São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, já estão realizando intervenções sustentáveis, financiadas por parcerias com o setor privado, emendas parlamentares e até mesmo recursos internacionais”.
Já para o paisagista e ambientalista, Nik Sabey, seria preciso ainda repensar o próprio conceito de drenagem urbana. “Muitas obras parecem trazer a ideia de querer se livrar das águas pluviais. Com a implantação de jardins de chuvas nas calçadas, ruas, praças e imóveis, adotamos uma lógica inversa. Além do fator estético, os jardins auxiliam na absorção e até no reaproveitamento da água das chuvas e, quando associados a um reservatório, podem gerar uma economia de até 30% com o consumo de água”, afirmou.
O debate foi conduzido pelo vereador Zé Márcio Garotinho (PV), que é presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte, Meio Ambiente e Acessibilidade da Câmara Municipal. “A cada verão, a cidade tem sofrido mais com as enchentes. Queremos fazer da drenagem um tema a ser debatido constantemente e não apenas durante o início do ano. Esperamos que essa troca de experiências tenha contribuído para os futuros projetos no setor”.
Fonte: Assessoria