Em Audiência Pública, Mercedes Benz sinaliza que não tem intenção de desativar fábrica em Juiz de Fora

Na primeira Audiência Pública do mês de fevereiro, foi discutida a atual situação e as perspectivas de produção da Mercedes Benz, empresa que funciona em Juiz de Fora desde 1996, e está há 65 anos atuando no Brasil. Atualmente são empregados na planta da Zona da Mata 830 colaboradores diretos, na produção de cabines de caminhão. A audiência foi requerida pelo presidente da Casa, vereador Juraci Scheffer (PT), e subscrita pelos vereadores André Luiz (REPUBLICANOS), Bejani Júnior (PODE), Sargento Mello Casal (PTB), João Wagner Antoniol (PSC), Julinho Rossignoli (PATRIOTA), Katia Franco Protetora (PSC), Laiz Perrut (PT), Marlon Siqueira (PP), Maurício Delgado (DEM), Nilton Militão (PSD), Tallia Sobral (PSOL) e Tiago Bonecão (CIDADANIA).

O presidente da Câmara, vereador Juraci Scheffer, destacou que a audiência foi marcada por conta da preocupação acerca da permanência da Mercedes em Juiz de Fora, lembrando que, na ocasião da suspensão de produção das Sprinters, a cidade perdeu 160 postos de trabalho. Scheffer também fez a leitura de alguns questionamentos buscando entender a atual situação da linha de produção em Juiz de Fora e quais as perspectivas. A vereadora Laiz Perrut, que também é atuante no Sindicato dos Metalúrgicos, lembrou que em 2016 foi enviado à empresa um projeto para que toda a montagem dos caminhões fosse feita na planta da cidade. Já o vereador Marlon Siqueira destacou a dicotomia entre as fábricas de Juiz de Fora e a de São Bernardo do Campo, a qual vem incorporando parte da produção juiz-forana. “A gente sabe que o custo operacional lá é maior do que aqui, então gostaríamos que fosse feito um relatório dessa reunião que possa mostrar que Juiz de Fora é um bom lugar para investir.”

O diretor de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da Mercedes, Luiz Carlos Moraes, lembrou que no último pacote de investimentos foram alocados cerca de R$ 230 milhões na planta de Juiz de Fora, de um total de R$ 2,4 bilhões aportados no Brasil até 2022. Fruto dos investimentos, a fábrica da Zona da Mata produz a melhor cabine de caminhões da América Latina, empregando 830 colaboradores nessa atividade. Luiz Carlos lembrou também que o mercado consumidor de caminhões é diretamente afetado pelo crescimento ou pela recessão econômica. “A gente sempre usa a expressão que ‘caminhão carrega PIB’, porque ninguém compra caminhão porque é bonito, porque é vermelho. Compra porque tem mercadoria para transportar, e mercadoria para ser transportada depende da economia crescer.” O diretor pontuou também que em 2020 foram produzidas em Juiz de Fora 27 mil cabines de caminhão e que esse número pode crescer em 2021 para 40 mil cabines. Os investimentos previstos para a cidade são em tecnologia na produção e, de acordo com o ponto de vista da empresa, o que fortalece a indústria é a desburocratização, e não política de incentivos fiscais. 

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, João César da Silva deixou clara a insatisfação da categoria com as últimas decisões da empresa, que em 2010 encerrou a produção de automóveis na planta de Juiz de Fora e, posteriormente, em 2014, anunciou o fim da produção de caminhões, situação que se concretizou no fim de 2020. “O que me chama a atenção é quando a empresa fala que essa fábrica tem o melhor produto, melhor mão de obra, é a melhor da América Latina, mas nós vamos produzir a sobra da fábrica de São Bernardo” expressou a preocupação do sindicato, inclusive, com a perda de arrecadação da cidade. “O que a gente quer é que tenha produto aqui, inclusive produto com valor agregado. Caminhão que saía daqui valia mais de R$ 500 mil e gerava receita para a cidade. Hoje o que temos é uma troca de cabine entre as fábricas”, pontuou.

O sindicalista parabenizou a Câmara por trazer esse debate e destacou também a importância do assunto para o país, haja vista que “o setor automotivo como nós conhecemos hoje está fadado a acabar, pois, para se ter uma ideia, hoje a Tesla vale mais do que Mercedes, Toyota e Volkswagen juntas.” Já o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (Sedic), Ignácio Delgado, pontuou que o poder público precisa estar à frente facilitando o ambiente de negócios. “Estamos diante de algumas situações conjunturais que estão afetando a indústria automotiva no plano internacional e no Brasil em particular. Assistimos hoje a uma transição de paradigma importante, na qual o carro movido a motor a combustão vai ser substituído à frente em algum momento, ou pelo carro elétrico, na medida em que a autonomia das baterias avançar, [além de] o que fazer com o lixo que elas representam depois de usar, e quando se tornarem competitivas com relação a seu custo, e isso vai exigir, não só das empresas, mas dos gestores públicos e do Legislativo, muita criatividade para criar um ambiente favorável a esse tipo de transição.”

Fonte: Assessoria




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